sábado, 9 de outubro de 2021

PARA LONGE DAQUI!

 (Bernardo Erlich, http://www.clarin.com)

No início deste fim de semana, regressei vagamente a uma cerimónia pública, confirmando o respetivo horror em termos de hipocrisia coletiva e louvores obrigatórios num completo desligamento em relação à realidade objetiva que o País vive e labora. E, depois do inqualificável debate parlamentar de Quinta-Feira, que se seguiu praticamente sem exceção a semanas seguidas de umas mãos cheias de nada e outras de coisa nenhuma (ou, talvez melhor, de umas cheias de asnidades e asneiradas de bradar aos céus e outras de ilusionismos sem paralelo, ao pé dos quais as passadas teses do “oásis” foram uma pura pequena brincadeira de crianças), tudo isto antecedendo uma previsivelmente chocante negociação do Orçamento (é já insuportável ouvir os vários intervenientes na mesma, mas a missa de Jerónimo torna-se especialmente chocante pela tremenda duplicidade que encerra) e um futuro imediato não menos desacreditante (onde continuaremos a ter Carneiro, César e Ana Catarina como as grandes vozes do PS, onde nos depararemos com confrontos tão eloquentes quanto os de Chicão contra Nuno Melo no CDS ou de Rio contra Rangel no PSD e onde nos será proporcionado assistir a um passeio de braço dado entre um auspicioso figurante como João Ferreira e o presidente Moedas), a salvaguarda de mínimos de sanidade mental exige que o cidadão desligue e, caso possa, fuja para bem longe do hospital de malucos em que o querem internar. Arre!

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