Já se disse quase tudo e o seu contrário sobre a presente “crise” política de origem orçamental. E é deveras encantador ver a animação que reina nas hostes da comunicação social e seus comentadores e analistas, bem assim como no seio dos chamados partidos de esquerda (com especial relevância para os representantes do PCP, visivelmente contentes com a oportunidade de falar grosso, leia-se de aparência de poder, que anualmente lhe vai sendo proporcionada pela estratégia governamental de posicionamento outonal em modo de crista baixa e respeito máximo para com eles). Pessoalmente, ainda sou dos que acreditam que tudo isto tem muito de fumaça (recordando Pinheiro de Azevedo) e vai acabar por não dar em nada de significativo que não sejam mais uns tempos de adiamento e fingimento. Mas tudo está em aberto e muito pode acontecer, sobretudo quando Costa pode um dia acordar definitivamente convencido da sua boa estrela, os verdadeiros comunistas já não aguentam tanta hipocrisia seguida de resultados eleitorais em sucessiva queda e os bloquistas mais puros mantêm intacta a sua incapacidade para lidar com lógicas enganosas dominadas pelo atirar sorridente de terra para os seus olhos. Sendo que Marcelo já fez a sua parte ao avisar que iremos para eleições se nenhum acordo acontecer, hipótese que lhe desagrada racionalmente mas que não deixa de lhe agradar no novo quadro de uma direita em recauchutagem, qualquer que ela venha a ser nos seus contornos.
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