quarta-feira, 20 de outubro de 2021

ARMANDA PASSOS (2)

 


(Uma referência-homenagem singela e circunstancial a uma artista que desapareceu cedo para o que ainda esperávamos da sua criatividade, aos 77 anos, e relativamente à qual não tinha qualquer proximidade especial, nem conhecimento pessoal. O que não significa que não fosse uma artista cuja obra sempre me fascinou, no seu traço característico e da qual nunca fui rico o suficiente para poder gozar o prazer de contemplar em casa uma das suas pinturas de grandes dimensões.)

Não tenho formação artística que me habilite a auto-inspecionar as razões deste meu fascínio por aquele traço. Por isso, a compreensão desse fascínio é apenas sensorial, as cores, a irreverência e heterodoxia das suas imagens de pessoa, mulheres, e outros seres vivos, das quais quando as visualizava numa galeria, num livro, em casa de alguém que tinha o privilégio de as poder contemplar na quietude do quotidiano sentia extrema dificuldade em afastar o olhar.

Para mais, uma vez, no passado recente, circunstâncias de vida profissional e familiar impediram-me de aproveitar o convite da Ana Fernandes e do Manuel Correia Fernandes para uma sessão-mostra em casa da pintora. Por isso, a minha ligação permanecerá para sempre limitada a esse fascínio visual, viciante, aditivo, agravado pela frustração de escolhas e ponderação orçamental que determinaram que nunca tivesse podido adquirir uma obra com alguma dimensão da Armanda Passos.

Ainda bem que o Museu do Douro e o próprio município da Régua tenham tomado a iniciativa de transportar para o espaço público e para a usufruição coletiva a força do irreverente e desafiador fascínio que se liberta das múltiplas personagens criadas pela artista.

 

Sem comentários:

Enviar um comentário