Ontem resolvi celebrar o por alguns chamado “dia da libertação” com um regresso ao cinema. Hesitei entre os novos filmes dos anciãos Woody Allen (a caminho dos 86) e Clint Eastwood (91 anos), tendo optado circunstancialmente por este. Um filme inenarrável em termos de má qualidade, que ajuda a corroer a imagem que o ator que se foi tornando realizador nos foi deixando ao longo de uma carreira extensa e cheia de bons momentos (gosto, especialmente, do período entre a última década do século passado e a primeira deste, com destaque para “Imperdoável”, “As Pontes de Madison County”, “Mystic River”, “Million Dollar Baby”, “Gran Torino” e “Invictus”). Quase nada naqueles 105 minutos tem ponta por onde se lhe pegue, exceto talvez a banda musical (entre algum country e bocados de música tradicional mexicana) e uma ou outra passagem fílmica mais bela e um ou outro momento mais expressivo ou bem disfarçado de um homem carismático e que anda nisto há quase setenta anos. Não conhecendo o adaptado romance original, não consigo dizer se a sua má qualidade contribui para o resultado ou se o resultado correspondeu a uma desvirtuação da sua melhor qualidade. Mas o resto é deprimente, pelo basismo quase infantil com que é relatada a história, pela péssima direção de atores que revela, pela visível e dominante preocupação de proteger as irremediáveis marcas do envelhecimento de Clint (apesar da sua louvável vontade de resistir) em detrimento de uma maior intensidade do produto. Em suma: uma perda de tempo completamente não recomendável e que, quase como na questão das sondagens, me faz duvidar dos críticos e da sua possível agenda (designadamente no tocante àqueles que respeito e mais influenciam as minhas escolhas, como Jorge Leitão Ramos, João Lopes ou Mário Augusto) — salvou-se a intenção e o resto do dia!
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