quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

AGUARELA DO BRASIL (VI)

 

Concluo hoje a meia-dúzia de apontamentos estritamente impressionistas a que decidi votar-me sobre a recente passagem pessoal pelo Brasil por ocasião da posse de Lula da Silva. Com uma referência menos propriamente brasileira e mais consagrada a sublinhar a originalidade da minha entrada no ano de 2023, ou seja, a sua ocorrência em território de Vera Cruz, aliás uma situação que constituiu a minha terceira vez (agora em Brasília, depois de antes no Rio de Janeiro e em Salvador).

 

A dita passagem ocorreu no Lago Sul, onde se situa a bela residência oficial do amável e eficaz Embaixador de Portugal, Luís Faro Ramos, e teve por enquadramento um jantar para o qual o Presidente da República Portuguesa convidou muito especialmente personalidades representativas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), designadamente alguns dos seus presidentes que se deslocaram para a posse (participaram José Maria Neves de Cabo Verde, José Ramos-Horta de Timor-Leste e Umaro Sissoco Embaló da Guiné-Bissau, além da presidente do Parlamento de Moçambique Esperança Bias) ou representantes (nomeadamente ministros dos Negócios Estrangeiros, incluindo o nosso João Gomes Cravinho, e embaixadores) e o secretário-executivo Zacarias da Costa. Uma iniciativa bastante louvável ― Marcelo Rebelo de Sousa não se poupa a fazer o que entende ter de ser feito em sede de representação do País ― e que redundou num convívio com momentos interessantes, embora não podendo deixar de ser o possível na circunstância geral e conjuntural.


De tais aspetos circunstanciais não falarei em detalhe, por escrúpulo que reputo de compreensível. Mas sobre eles sempre somente adiantarei que pessoalmente não encontrei grandes razões para mudar de ponto de vista em relação ao quanto já duvidava da relevância de facto e da real unidade da organização em causa. Sendo claro que tanto se observam graus de lucidez diferenciados em relação ao jogo associado a muitos dos equívocos em presença quanto sobressaem posicionamentos proclamadamente ideológicos com aproveitadores objetivos de ocasião, tudo na verdade tendencialmente mais inofensivo do que portador de potenciais malefícios. Também porque, no que toca à política externa, a dimensão e a geoestratégia acabam por ser um posto.

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