(Estive hoje ao fim da tarde na Faculdade de Engenharia do Porto a assistir à última aula do Professor José Manuel Mendonça, que presidiu ao INESC TEC nos últimos anos, na companhia de muita gente conhecida que, de uma forma ou outra, mais ou menos próxima, conviveu com a prática científica e profissional daquele Professor da FEUP. Posso-vos dizer que foi uma GRANDE SESSÃO a comprovar não apenas a capacidade de intervenção do homenageado, mas também a densidade e espessura institucionais de que a FEUP e o INESC TEC em particular são espaços privilegiados de manifestação. Não muitas instituições universitárias e de transferência de conhecimento para as empresas estariam em condições de organizar uma sessão com estas características de espessura colaborativa que estava ali implícita. A última aula é simultaneamente um ritual e uma tradição em muitas Universidades e Escolas Superiores e a FEUP fez bem em assumir e conservar essa prática. É um daqueles raros momentos em que o homenageado tem a recompensa devida, como é o caso do José Manuel Mendonça (JMM), mas em que também os participantes na sessão dão por bem empregue um fim de tarde, por acabar por fazerem parte de algo em que rigor e afetos se combinam harmoniosamente. O que nem sempre acontece, como sabemos.
A sessão foi impecavelmente organizada. O Professor João Claro novo CEO do INESC TEC foi o mestre de cerimónia. O Diretor da FEUP Rui Calçada deu as boas-vindas. O Amigo Professor Guedes de Oliveira, de quem JMM recebera a Presidência do INESC Porto, fez o elogio. Sucederam-se vários testemunhos, o do amigo de JMM Dr. Sérgio Castedo, o do Professor Valente de Oliveira, o do empresário Ilídio Pinho, o do ex-Ministro da Ciência e do Ensino Superior Manuel Heitor, o do Professor Arlindo Oliveira e da mestranda Sofia Canada, a última a ser orientada pelo JMM, com uma tese premiada na área da gestão estratégica da inovação. Destes testemunhos talvez os de Valente de Oliveira e Ilídio Pinho se tenham distinguido.
E veio a aula de JMM, organizada segundo um modelo de história e de lições de vida, de alguém que privilegiou sempre a ligação entre a investigação científica e a translação do conhecimento para as empresas: “A Universidade para além de si própria e outras lições aprendidas”. Muito curiosa a maneira como integrou na linha de raciocínio as suas passagens pela Suiça (Brown, Boveri & Cie), Dinamarca (em que se aproximou das energias eólicas) e finalmente em Londres no Imperial College em que se doutorou, regressando depois à FEUP e ao INESC TEC. O JMM é um bom exemplo de pensador, investigador e universitário que nunca desligou a sua atividade da transferência de conhecimento e da atividade colaborativa com as empresas. Conhece bem o país, os bloqueios existentes a uma mais intensa incorporação de jovens com talento nas lideranças das organizações, conhece ainda melhor do que ninguém o sistema de ciência e tecnologia e sabe bem que só por esta via será possível sustentar o notável valor de mais de 50% do PIB dedicado às exportações. Na expressão de JMM, crescer acima desse valor fazendo mais do mesmo com o declínio demográfico à porta e a dimensão do país é impossível. Logo só uma via de crescimento intensivo pela incorporação de conhecimento e a erradicação de tudo quanto é constrangimento burocrático, de pura inércia e empecilho poderão materializar esses resultados.
De certo modo, como o dizia João Claro, depois de uma atarantada intervenção do Vice-Reitor da Universidade do Porto, a aula do JMM não apontava apenas para o que poderia ser a Universidade além de si própria, já o era, atendendo à excelência do percurso de JMM.
Parabéns à FEUP, ao INESC TEC e sobretudo ao JMM a quem tive a oportunidade de dar um abraço.
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