terça-feira, 31 de janeiro de 2023

COSTA A QUERER RECOMEÇAR

 

Entrevista de António Costa à RTP, conduzida por um António José Teixeira bem mais afrontativo do que lhe é habitual (será que também já se fartou de uma certa forma de fazer política?). Uma entrevista em que o primeiro-ministro só aparentemente foi humilde quando reconheceu que o Governo se pôs a jeito e cometeu erros (“o acessório”), visto que o fez dentro de um quadro discursivo artificialmente construído para procurar mostrar insistentemente a sua confiança em si próprio e na sua governação, que foi louvando quanto pôde (“o principal”), e desvalorizativo em relação aos famosos “casos e casinhos” de que foi cúmplice e padrinho por contraponto a um uso demagógico da realidade dos grandes problemas dos portugueses. Uma entrevista em que Costa poderá até ter conseguido atingir o seu objetivo de voltar à tona e assim tentar recomeçar um ano depois de eleito, designadamente ao apresentar-se curado da arrogância que ostentou há pouco mais de um mês (“habituem-se!”) e capaz de cumprir alguns mínimos para os devidos efeitos. Além do mais, o entrevistador também não perguntou o óbvio a quem tanto enchia os ouvidos do auditório com o seu inquestionável estatuto de democrata, a saber, as razões pelas quais definiu uma vergonhosa tática partidária assente em fazer do “Chega” de André Ventura um aliado enquanto seu escudo protetor relativamente ao PSD (para o que mandou Ana Catarina Mendes sentar-se na primeira fila do congresso daquele partido indigno, após ter objetivamente tolerado que o mesmo vá presidir à Comissão de Inquérito da TAP com a contrapartida de a mesma não ir investigar os atribulados tempos em que na mesma imperavam as duvidosas decisões de um seu amigo dileto). Já quanto a pensamento e estratégia para o País, como de costume nada disse.

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