Poucos dias passados sobre algumas elucubrações que aqui deixei em torno da situação política em Espanha e, em especial, sobre os caminhos que vai seguindo o favorito das eleições do próximo dia 23 (Alberto Feijóo), dois factos vieram justificar o meu regresso ao tema. O primeiro provem da entrevista do referido protagonista ao jornal “El Mundo”, a qual confirma em absoluto o que cada vez mais claramente estará na sua cabeça: mostrar desprendimento e pedir o voto em nome do afastamento de Sánchez para naturalmente ganhar, sendo que tentará constituir um governo a sós se tiver mais votos do que o conjunto da esquerda e negociar uma abstenção do Vox em caso contrário; sem deixar de assumir que os pactos que o PP realizou na sequência das eleições locais são indiciadores de frontalidade e transparência e de deixar implícito que poderá acabar por governar com o Vox se a tal for forçado para obter os seus votos. Portanto, embora tudo venha a depender das relações de forças resultantes dos números eleitorais, Feijóo juntar-se-á, se precisar, à extrema-direita, assim não se distanciando de um lamentável movimento nesse sentido que se mostra em crescendo na Europa.
Neste quadro, o segundo facto veio trazer mais incerteza ao interessante processo eleitoral em curso. Com efeito, as últimas sondagens ou põem o Vox a cair (pondo em risco a maioria absoluta da Direita) ou diminuem o fosso entre o PP e o PSOE (certamente em virtude de algum criticismo em relação aos pactos do PP com o Vox, escalando-o para uma dimensão de alguns receios associados à respetiva projeção a nível nacional). O que, a verificar-se, deitaria por terra a estratégia de Feijóo, tal como acima mencionada, e ou evoluiria para uma provável “geringonça” à espanhola (hoje facilitada pela união da esquerda à esquerda do PSOE no Sumar) ou poderia gerar números tendentes à expressão de um certo impasse e ― quem sabe? ― à negociação de um inédito, embora improvável, bloco central.
A duas semanas e meia do ato, as máquinas aceleram nervosamente, as dúvidas recrudescem e, como bem escreve o “Público”, os dois grandes contendores medem forças com os olhos postos no terceiro lugar...
Sem comentários:
Enviar um comentário