(Eu sei que vão reconhecer alguns laivos de elitismo tinhoso nesta minha posição, mas não escondo que não morro de amores pelas Feiras Medievais que pululam pelas nossas cidades e vilas do Norte de Portugal. A iniciativa não deixa de ser simpática e atrai muitos populares. Sente-se a olho nu e com ouvido atento que os espanhóis dominam claramente o negócio, bastando sentir o tagarelar castelhano e galego que emerge das principais tendas. Assim, sem ter qualquer elemento de avaliação para antecipar o que de valor acrescentado permanecerá em território local, mas neste caso de Caminha, não é propriamente o evento que merece o meu juízo crítico, mas antes o enquadramento de espaço e de organização do mesmo. Ontem, último dia do certame e com uma afluência considerável de público, o que pude constar de uma breve passagem pelo centro de Caminha para comprar umas coisas de última hora, com amigos em casa, foi a ausência total de tentativa de ordenamento e organização do tráfego, estacionamento e indicações de orientação para mitigar os danos de estacionamento de viaturas em áreas sensíveis do espaço público. Guarda Republicana nem vê-la e vi apenas alguns bombeiros a organizar um espaço pago de estacionamento junto ao mercado em renovação. O que é manifestamente pouco para a intervenção de um Município que gosta de puxar pelos cartazes da feira como se fosse o grande evento anual. Sem querer ser mauzinho, não sei se o executivo municipal ainda está assombrado pelo tema do parque tecnológico que se esvaiu na ambição do antigo Presidente da Câmara. Ontem, perante aquele caos medieval, senti a ausência de uma intervenção mitigadora que o Município podia perfeitamente ter organizado, até do ponto de vista da pedagogia da ocupação do espaço público. Pois ver o caos medieval instalado, tudo bem as pessoas até podem gostar. Mas ver o espaço público totalmente desrespeitado isso já choca.)
O desabafo está efeito e cumpre-se o ritual anual de o fazer, mesmo com as férias a começar.
Mas a coisa passa. E hoje de manhã bem cedo, para uma curta visita ao banco para regularizar a passagem de testemunho de administração no nosso aprazível condomínio, a atmosfera já era outra. A leveza fresca da manhã devolvia-nos o prazer da convivialidade com pessoas quanto baste, o espaço público parecia regressado às condições de utilização regular, alguns protagonistas da feira acordavam nas suas caravanas, mas o ambiente já não era de “fake” medieval, mas com o tom de urbanidade que sempre nos atrai em Caminha.
Para o ano haverá mais e desculpem lá se possível com maior proatividade na mitigação dos efeitos do caos.
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