segunda-feira, 31 de julho de 2023

FINALMENTE LIVRES DO CAOS MEDIEVAL

 


(Eu sei que vão reconhecer alguns laivos de elitismo tinhoso nesta minha posição, mas não escondo que não morro de amores pelas Feiras Medievais que pululam pelas nossas cidades e vilas do Norte de Portugal. A iniciativa não deixa de ser simpática e atrai muitos populares. Sente-se a olho nu e com ouvido atento que os espanhóis dominam claramente o negócio, bastando sentir o tagarelar castelhano e galego que emerge das principais tendas. Assim, sem ter qualquer elemento de avaliação para antecipar o que de valor acrescentado permanecerá em território local, mas neste caso de Caminha, não é propriamente o evento que merece o meu juízo crítico, mas antes o enquadramento de espaço e de organização do mesmo. Ontem, último dia do certame e com uma afluência considerável de público, o que pude constar de uma breve passagem pelo centro de Caminha para comprar umas coisas de última hora, com amigos em casa, foi a ausência total de tentativa de ordenamento e organização do tráfego, estacionamento e indicações de orientação para mitigar os danos de estacionamento de viaturas em áreas sensíveis do espaço público. Guarda Republicana nem vê-la e vi apenas alguns bombeiros a organizar um espaço pago de estacionamento junto ao mercado em renovação. O que é manifestamente pouco para a intervenção de um Município que gosta de puxar pelos cartazes da feira como se fosse o grande evento anual. Sem querer ser mauzinho, não sei se o executivo municipal ainda está assombrado pelo tema do parque tecnológico que se esvaiu na ambição do antigo Presidente da Câmara. Ontem, perante aquele caos medieval, senti a ausência de uma intervenção mitigadora que o Município podia perfeitamente ter organizado, até do ponto de vista da pedagogia da ocupação do espaço público. Pois ver o caos medieval instalado, tudo bem as pessoas até podem gostar. Mas ver o espaço público totalmente desrespeitado isso já choca.)

O desabafo está efeito e cumpre-se o ritual anual de o fazer, mesmo com as férias a começar.

Mas a coisa passa. E hoje de manhã bem cedo, para uma curta visita ao banco para regularizar a passagem de testemunho de administração no nosso aprazível condomínio, a atmosfera já era outra. A leveza fresca da manhã devolvia-nos o prazer da convivialidade com pessoas quanto baste, o espaço público parecia regressado às condições de utilização regular, alguns protagonistas da feira acordavam nas suas caravanas, mas o ambiente já não era de “fake” medieval, mas com o tom de urbanidade que sempre nos atrai em Caminha.

Para o ano haverá mais e desculpem lá se possível com maior proatividade na mitigação dos efeitos do caos.

 

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