segunda-feira, 31 de julho de 2023

UM TOQUE MUITO PESSOAL

(Riki Blanco, https://elpais.com) 

Puxando pela dimensão mais racional da paternidade, diria que uma das melhores coisas que há nos filhos é a observação da sua evolução pessoal e, consequentemente, a de assistirmos à emergência de uma personalidade dotada de uma identidade muito própria, na qual vamos reconhecendo, não apenas nem principalmente no plano físico, pedaços de nós ou do outro ou de familiares próximos ou distantes; por vezes até com alguma irritação pela substancial diferença de reação e atitude que manifestam em relação a nós. Dei comigo às voltas com este pensamento durante a tarde de anteontem em que a minha filha Constança contraiu matrimónio com um ex-colega inglês e organizou um evento de celebração tão animado quanto cheio de detalhes exóticos, tão diverso quanto profundamente multicultural. Um casal que tem em comum não gostar necessariamente daquilo que agrada a todo o mundo, um casal que parte para uma nova vida com os seus valores firmemente estabilizados e convicto de que eles os ajudarão a serem cidadãos felizes num planeta mais consciente e potencialmente melhor. Faço figas para que assim seja, já que o resto está na canção interpretada por Doris Day e oscarizada em 1956 (“Que sera, sera / whatever will be, will be / the future is not ours to see”) com que abrimos a dança na sala do evento!

Sem comentários:

Enviar um comentário