sábado, 1 de julho de 2023

DO EXTRATO BANCÁRIO COMO BEST-SELLER

(Rodrigo de Matos, https://expresso.pt

A conjuntura que atravessamos apresenta-se dominada pelas decisões do Banco Central Europeu sobre a política monetária na Zona Euro, com Christine Lagarde a invocar em Sintra as suas discutíveis razões para continuados aumentos das taxas de juro por considerar ainda ausentes sinais firmes de que as tensões inflacionistas estejam em vias de estar controladas. Por cá, o tema tem permitido uma festa de arromba generalizada com meio mundo político-mediático a malhar na senhora, entre os que apenas estão a fazer politiquice mais ou menos barata para português ouvir (Costa e Medina, por um lado, Montenegro, Rocha e Ventura, por outro) e os que parecem estar mesmo convencidos de que sabem o que estão a dizer e de que tal faz algum sentido em termos declarativos e técnicos (aqui, Francisco Assis fez muito bem em vir a público pedir respeito por um BCE que está a cumprir a sua missão, por discutível que ela seja, acrescento eu) ― longe vão os tempos em que não era qualquer bicho careta que arriscava enfrentar temerosamente os microfones para se arvorar capaz de assim dar mostras aos seus concidadãos de outra coisa que não a sua descabida ignorância e a sua fundamental impotência. Neste quadro, o pior de tudo acaba por ser que os principais atingidos por aquelas decisões sejam os mexilhões do costume que pernoitam ao relento, já antes limitados por endividamentos tornados incontornáveis e negociados em condições que anteriormente julgaram comportáveis e duradouras.

(Idígoras y Pachi, http://www.elmundo.es)

(Riki Blanco, https://elpais.com)

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