Afinal, Fiona Scott Morton já não vai assumir o posto para que foi nomeada na DG Comp. Num relativo e algo inesperado golpe de teatro, a americana escrever a Margrethe Vestager renunciando ao lugar e invocando para tal a “controvérsia política” suscitada pelo facto. De concreto, apenas se sabe que: (i) Emmanuel Macron, presente em Bruxelas para participar na cimeira da União Europeia com a América Latina, moveu as suas influências junto de homólogos e comissários; (ii) cinco comissários (Thierry Breton, Paolo Gentiloni, Josep Borrell, Nicolas Schmit e Elisa Ferreira) escreveram a Ursula von der Leyen mostrando reticências e solicitando o reexame da decisão anterior (diz o “Le Monde” que l’initiative des cinq commissaires a changé la donne); (iii) os três presidentes dos maiores grupos políticos no Parlamento Europeu (Manfred Weber, Iratxe García Perez e Stéphane Séjourné) se pronunciaram no sentido de a Comissão renunciar à nomeação. Para além disto, e do silêncio ensurdecedor da maioria dos outros potenciais protagonistas do processo (desde logo, vários Estados-membros que preferiram calar-se perante a para si mais importante questão da autorização de ajudas nacionais de Estado), Vestager foi ouvida no Parlamento, onde apareceu pouco convincente (o que não lhe é habitual) e deixando manifestações de hesitação e desconforto, “perdendo capital político” segundo um diplomata. Aqui chegados, fica no ar uma sensação de mistério sobre os principais contornos explicativos deste imbróglio, desde logo o de se compreender porque a comissária dinamarquesa se envolveu a tão estranho ponto com a nomeação e se tal envolvimento teve comando próprio ou correspondeu a uma encomenda da presidente. Em síntese: assunto aparentemente encerrado, mas só muito aparentemente porque me cheira que a procissão ainda vai no adro...
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