António Costa afirma-se cada vez mais como um político do imediatismo! Discursando ontem no Palácio Foz perante uma assembleia de autarcas, no momento em que assinava com uma ANMP bastante zelosa (nem o vice e militante “laranja” Ribau Esteves se coibiu de referir que “iremos seguramente cumprir o objetivo de reforçar esta dinâmica descentralizadora”) um acordo de financiamento para a reabilitação e recuperação de 451 escolas dos Ensinos Básico e Secundário, o primeiro-ministro voltou a mostrar quanta variabilidade potencial pode conter o seu discurso, por um lado, e quanta incompreensão de fundo nele está arreigada quanto ao peso histórico e sociocultural profundo da ideia de centralismo em Portugal, quanto às suas implicações nas lógicas lusitanas de funcionamento cidadão e institucional e quanto ao profundo anacronismo que de facto constituímos no contexto dos países europeus mais desenvolvidos, por outro. Não, obviamente, que a reabilitação e recuperação de escolas não seja um desígnio meritório (apesar das inúmeras trapalhadas burocráticas por que passamos até aqui chegar); e não, obviamente também, que as pequenas descentralizações em curso não devam ser aplaudidas (apesar de limitadas e desligadas de um verdadeiro alcance transformador). O problema é outro, sempre e cada vez mais o mesmo: como vencemos os nossos bloqueios estruturais, i.e., para onde caminhamos e para onde queremos ir? Uma questão que pouco releva para o atual poder, contanto que haja dinheiro para agitar, “números” para fazer e palavras para dizer. Mesmo quando se torna arrepiantemente visível quanto as vai levando o vento...
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