O título deste post tem direito de autor. Pois que foi assim que, medindo as palavras para ser comedido, Miguel Sousa Tavares caraterizou os nossos atuais governantes na excelente entrevista que ontem concedeu a Ana Lourenço a propósito do seu novo livro “A história não acaba assim”.
E disse mais, nomeadamente o seguinte:
·
“Passou
um ano. Estão a governar há um ano. Prometeram que não iam louvar-se no
passado, nem desculpar-se e esconder-se atrás do passado. Juraram que conheciam
toda a situação do País e que não tinha segredos para eles. Trejuraram que
tinham a solução na ponta da mão. Portanto, não faz sentido ao fim de um ano
que cada vez que se levanta um problema a maioria responda: a culpa é do
Sócrates. (…) Foi nesse sentido que eu lhe chamei o fantasma de Paris, o
fantasma para esta maioria, porque dá a ideia de que, se não tivessem esse
fantasma, não teriam nada a que se agarrar.”
·
“Eu
quis ver onde é que ia dar a alternativa. Hoje, eu estou convencido que a
alternativa é catastrófica, os números mostram-no. Estou convencido que também
não é por uma questão de má política económica, é uma questão ideológica mesmo.
(…) Há uma direita na maioria – que não é do CDS, que é do PSD -, quase uma
extrema-direita eu diria, que tem um programa ideológico: vamos experimentar tudo
aquilo em que sempre acreditamos: que o mercado laboral sem regras onde se pode
despedir livremente é aquele que funciona, é aquele que cria emprego; que a
desregulação sobre o setor financeiro produz riqueza; que privatizar tudo e
mais alguma coisa é um bem para os consumidores. E eles estão a por o catálogo
em execução, independentemente dos resultados. Não é uma má opção, não é sequer
teimosia, é uma obsessão ideológica. E isso, neste momento, é a minha grande
crítica.”
·
“Eu
tinha lido o livro dele [Passos Coelho] antes de ele ir para o Governo. Eu já
sabia o que aí vinha. Não tinha ilusão nenhuma e vi a equipa toda dele e vejo
falar o ministro Vítor Gaspar e não tenho a menor dúvida de que estou perante –
vamos lá ser comedido – aiatolas da economia, com uma ideia obsessiva na
cabeça; por exemplo, as privatizações – vai tudo correr mal, para nós
consumidores, a água vai ficar mais cara, a TAP vai passar a funcionar pior, os
aeroportos a mesma coisa, agora querem privatizar a Caixa Geral de Depósitos, a
mesma coisa, quer dizer, tudo isto são coisas do catálogo ideológico de uma
política ideológica da economia que está a falhar, que só pode falhar, já
falhou, já provou n vezes… - sabe onde é que resultou? No Chile, sob uma
ditadura militar, mais nada.”
·
“De
facto, [o desemprego] deve ser a prioridade número um. Não podem continuar,
acho eu, um caminho – isto já não é uma questão política, isto é mesmo uma
questão de senso comum –, um caminho que a gente sabe que destruindo famílias,
destruindo riqueza, aumentando impostos, o País vai por água abaixo.”
E assim vamos…
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