Não sou, como já
repararam, dos que pensa que a eleição de Hollande constituirá a chave da
resolução de todos os problemas que nos apoquentam. Antes me preocupa a dose
certa de expectativas que ela pode provocar, pois como um dos patronos deste
blogue, Alfred O. HIrschman, nos ensinou, a deceção nos movimentos sociais
conduz-nos a longos períodos de inação e de desvalorização posterior do
interesse público. Mas estou entre os que pensa que a eleição ilustra que há
margens de transformação possível, que é sempre possível infletir o rumo das coisas,
que o movimento das ideias tem mais força do que alguns pensam.
Tudo isto graças a
um pequenino texto da correspondente Dolores Soler-Espiauba do El Pais em
Bruxelas que destaca e bem a importância simbólica das duas cerimónias oficiais
após a muito republicana tomada de posse de Hollande (comparada com a corte das
tomadas de posse em Portugal é um verdadeiro prodígio de sobriedade).
Primeiro, visita
ao monumento de Jules Ferry, grande inspirador da escola pública e laica para
todos e uma palavra para a formação de docentes e para o papel da educação em
territórios desfavorecidos.
Segundo, visita ao
monumento de Marie Curie: imigração e sua integração, mulher investigadora e ciência.
Não quero ser elitista
e não o sou. Mas isto de chegar à política vindo de uma Haute École, apesar de
passar pelo aparelho partidário, tem muita força e socializa, socializa mesmo.
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