Bruxelas, anteontem, reunião dos ministros das
Finanças da Zona Euro. A visível diferença entre a política e o cinismo. Entre
a direita dos princípios e a direita dos falcões. Como acontece, no interior do
mesmo grupo político europeu – o dominante PPE (Partido Popular Europeu) –, com
o atual presidente do Eurogrupo, o primeiro-ministro e das Finanças do
Luxemburgo Jean-Claude Juncker, perante
o responsável alemão que é candidato à sua sucessão na direção do Eurogrupo,
Wolfgang Schäuble.
Este a insistir na estafada defesa de que “é
indiscutível que o povo grego tem de sofrer as consequências de décadas de
negligência” e a declarar friamente: “resta-nos
apenas esperar que os gregos tomem a decisão certa”. E a ser imediatamente
seguido pela obediente voz dos servidores de ocasião, no caso a Comissão Europeia: “se um membro do
clube não respeita as regras, é melhor sair do clube”. Aquele, ao invés, a afirmar com alma: “Não contemplo, nem por um
segundo, a saída da Grécia da Zona Euro. Isto é um disparate, isto é propaganda
e temos de respeitar a democracia grega”.
Já o nosso Paulo Portas, que andava por perto, logo
aproveitou para voltar à duvidosa e pouco solidária tese do nosso Governo: que “Portugal
não é a Grécia” por mais isto e mais aquilo. Um momento de bem encenada doutrinação
dos portugueses com foco nos olhos e ouvidos dos credores. Espero que assim não
venha a ser, mas um determinado tipo de evolução dos acontecimentos ainda nos
poderá levar a pagar com “língua de palmo” esta espertice rasteira disfarçada
de estratégia…
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