O folhetim Relvas vai enterrando o
Governo num período em que bem precisava de alguma credibilidade interna. Bem
sei e concordo com a sua análise, que José Pacheco Pereira tem defendido que a
adulteração dos valores da liberdade de imprensa se encontra numa perigosa
vertigem de indiferença, não se apercebendo o português médio do pântano de
cumplicidades que reinam por aí.
Li nos jornais que o Partido Socialista
terá alegadamente sustido o entusiasmo bem justificado de alguns parlamentares
seus em cavalgar o assunto, com o argumento de que o crescimento e o desemprego
devem ser as prioridades da sua atenção e ação política, dados os bons ventos
que sopram de parte da União Europeia.
Não lembraria ao diabo estabelecer um “trade-off” entre os dois sistemas de
valores, mas, pelo que se lê na comunicação social, a direção atual do PS
inclina-se para o contrário, preferindo não batalhar pela denúncia do assalto às
redes de influências e pela promiscuidade entre imprensa e agentes políticos.
Parece-me um taticismo fatal para que
possa acreditar numa alternativa de governação. Porque será? Rabinho trilhado
do período Sócrates e telhados de vidro demasiado frágeis? Falta de convicção
nos valores de defesa de uma imprensa livre e independente? Simples cálculo político,
dada a aparente indiferença da sociedade portuguesa para com as referidas cumplicidades?
E o que é que a tal Esquerda Livre terá
a dizer sobre isto?
Sem comentários:
Enviar um comentário