quarta-feira, 9 de maio de 2012

PINA E A FÉ


Já aqui falei do Manuel António Pina (post de 5 de Abril, aliás reportando-me a um texto dele que já merece atualização na medida em que, afinal, não é 2015 que é já amanhã mas talvez 2018!). Não obstante, um impulso quase primário provocado pela leitura da sua crónica de hoje no JN leva-me à repetição.

Chama-se “A fé move montanhas” e dirige-se ao nosso ministro das Finanças. Assim: “A fé cega de Vítor Gaspar em que a receita neoliberal que aprendeu nos livros (mais empobrecimento dos pobres e mais enriquecimento dos ricos) resolverá, se o Deus Mercado quiser, todos os problemas do país é de tipo mágico e não de tipo racional, a versão em economista do mito infantil segundo o qual, se acreditarmos muito numa coisa, ela acabará por realizar-se.

E conclui desta forma: “O método até pode, sabe-se lá, vir a dar certo. Pelo menos deu certo com aquele personagem de Carl Sandburg que comprou o 42 na Lotaria, anunciando que era nesse número que iria sair a ‘taluda’ e que, quando o 42 de facto saiu, perguntado se acertara por palpite ou se usara um método, respondeu algo do género: ‘Usei um método científico: atirei ao ar o álbum de família e ele caiu aberto na página 7, onde estavam as fotos do meu avô e da minha avó. O meu avô e a minha avó ambos na página 7, estão a ver? Ora 7 vezes 7 são 42...’“.

Magistral!

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