José Pacheco Pereira defendeu na “Quadratura do Círculo” desta
noite que o que se verificou ali (foto acima, de Miguel Baltazar no “Jornal de
Negócios”) foi um retrato do País. E falou, com justificada veemência, de “um
puro princípio de necessidade”.
Foi mais fundo na sua lúcida crueza: “Eu não tenho ilusões sobre o
que se está a passar. E não acho que seja assético. Nem acho que seja uma
adaptação, como agora se diz, adaptação com aspas e que é a versão social do
ajustamento do ministro Vítor Gaspar, é a ideia de que as pessoas se estão a
adaptar à crise. Aqui não há adaptação nenhuma, aqui há infelizmente um
princípio absoluto de necessidade.”
Algumas citações avulsamente clarificadoras:
·
“há
muita gente que está a sofrer, há muita gente que está com muita dificuldade”;
·
“só
está seis horas quem precisa”;
·
“havia
gente com vergonha”, “uma certa humilhação”;
·
“os
pobres” e “pessoas que não são pobres mas que estão a empobrecer”;
·
“esse
princípio absoluto de necessidade tem de ser tratado com muito respeito”;
·
“há
que ter um extremo cuidado no tratamento das pessoas, particularmente com a sua
dignidade”;
·
“quem tem uma consciência social tem que estar
preocupado”;
·
“uma
das coisas que mais falta ao poder hoje, em geral, é a perceção dessa coisa
quase intangível que é o simbólico”.
E, a terminar: “quem não percebe isto, não percebe o Portugal de
hoje”. Pois não percebe, não!
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