O
debate promovido pelo ICS inserido no ciclo de seminários Políticas Públicas e
Território e centrado na interrogação do impacto do futuro período de
programação de Fundos Estruturais na territorialização de políticas públicas e
no qual participei na passada terça-feira colocou questões muito relevantes.
Acabou
por registar-se uma forte complementaridade entre as duas abordagens ao tema: a
minha, mais centrada na avaliação das condições de territorialização de
políticas públicas face à experiências dos períodos de programação anteriores e
com uma visão prospetiva do próximo período de programação; a de Duarte
Rodrigues, do Observatório do QREN, que se colocou sobretudo a partir do
interior das negociações no seio da UE, com ampla informação sobre o tema.
Da
complementaridade gerada resultaram alguns elementos de reflexão sobre as
implicações do futuro período de programação:
- Tudo indica que a futura programação revista uma dimensão centrada em resultados o que constituirá uma rotação considerável nos hábitos da programação em Portugal;
- A programação estrutural tenderá a assumir ainda uma maior centralidade no financiamento das políticas públicas;
- A articulação da futura programação com a Estratégia 2020 (sem reporte claro para o território) e com os objetivos para as políticas de coesão (estes fortemente territorializados) é ainda matéria obscura;
- A articulação da política regional co-financiada pela programação estrutural com as novas condições de governação económica da UE será extremamente exigente com a agravante de obedecerem a orientações doutrinárias muito diversas;
- Continua evidente a ausência de uma estratégia consistente de transição e de superação das condições de dificuldade em que se encontram os países do sul da UE, nos quais se localiza um número relevante de regiões menos desenvolvidos objeto da programação estrutural;
- Em toda esta indeterminação, o território continua expectante, o que aliás não é novidade, olhando para os períodos de programação anteriores.
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