quinta-feira, 31 de maio de 2012

A UTAO JUSTIFICA-SE


UTAO diz que défice orçamental poderá ter ficado nos 7,4% no 1º trimestre”
A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) que funciona junto do Parlamento não tem tido vida fácil desde a sua entrada em funcionamento. Não raras vezes tem sido utilizada, a maior parte das vezes não a Unidade propriamente dita mas mais os resultados da sua intervenção, como arma de arremesso e como instrumento de oposição ao Governo, qualquer que ele seja.
Esta semana, corrigindo a vetusta Direção Geral do Orçamento (tudo parece acontecer a este Ministério das Finanças), a UTAO veio identificar um lapso aparentemente inconcebível do último relatório mensal de execução orçamental. A DGO tinha subavaliado seriamente a queda da receita fiscal, com erro de imputação de uma rubrica relacionada com os impostos indiretos.
Para além do problema central que está aqui implícito nesta questão, que é a crescente incapacidade de controlo da receita fiscal por parte das autoridades governamentais, o episódio sugere-me outra reflexão.
Embora os trabalhos de análise da UTAO tendam a ser objeto de instrumentalização e debate políticos, a atividade desta Unidade deveria estar ao serviço de um objetivo bem mais nobre que seria o de produzir informação de interpretação útil do estado das contas públicas e das condições de execução orçamental. Seria um serviço de cidadania de elevado interesse, pois a opacidade dos documentos de execução orçamental para o cidadão comum constitui fator de desinformação democrática. E, como o fenómeno da captura do Estado que as mais recentes informações sobre as Parcerias Público-Privadas têm evidenciado, é cada vez mais premente uma informação transparente para o cidadão sobre o estado das contas públicas.
De mal-amada, incómoda ou simplesmente instrumental à medida das nossas preocupações, a UTAO poderia transformar-se num serviço de apoio à transparência pública.

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