quarta-feira, 30 de maio de 2012

UM MINHO TOLERANTE


Por estes dias, passou pelos jornais e pelas televisões uma manifestação de tolerância, neste caso religiosa, que nos tempos que correm é de registar.
Na freguesia de Santa Maria Maior, em Viana do Castelo, uma igreja praticamente abandonada, talvez por questões demográficas, ou pela mais complexa relação entre a demografia e o número de novas vocações sacerdotais, foi disponibilizada para que a comunidade de leste (ucraniana, moldava, romena, pelo menos) a utilizasse como sede de culto da igreja ortodoxa.
Como resultado prático do esforço de toda essa comunidade, a igreja virou ortodoxa, foi preservada e um padre ucraniano, residente na Galiza vizinha, assegura com regularidade os atos religiosos (uma nova dimensão do transfronteiriço que me tinha escapado).
A reportagem televisiva registou com pormenor as reações da comunidade. Num português quase perfeito, com aquele delicioso sotaque do leste europeu, todos os intervenientes registaram com agrado a recetividade da sociedade local, o sentido de comunidade que os une e o prazer da experiência coletiva.
Num Minho que nem sempre é tolerante, pelo menos à primeira impressão, este ato de tolerância religiosa marca bem um potencial que a sociedade portuguesa apresenta apesar dos números devastadores do desemprego. Aliás, com o espectro demográfico que apresentamos para os próximos vinte anos, a recuperação também passará pela nossa capacidade de acolhimento, integração e convivência com outras culturas, religiões e valores. E marca bem o nosso papel na Europa alargada.

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