Por estes dias,
passou pelos jornais e pelas televisões uma manifestação de tolerância, neste
caso religiosa, que nos tempos que correm é de registar.
Na freguesia de
Santa Maria Maior, em Viana do Castelo, uma igreja praticamente abandonada,
talvez por questões demográficas, ou pela mais complexa relação entre a
demografia e o número de novas vocações sacerdotais, foi disponibilizada para
que a comunidade de leste (ucraniana, moldava, romena, pelo menos) a utilizasse
como sede de culto da igreja ortodoxa.
Como resultado prático
do esforço de toda essa comunidade, a igreja virou ortodoxa, foi preservada e
um padre ucraniano, residente na Galiza vizinha, assegura com regularidade os
atos religiosos (uma nova dimensão do transfronteiriço que me tinha escapado).
A reportagem
televisiva registou com pormenor as reações da comunidade. Num português quase
perfeito, com aquele delicioso sotaque do leste europeu, todos os
intervenientes registaram com agrado a recetividade da sociedade local, o
sentido de comunidade que os une e o prazer da experiência coletiva.
Num Minho que nem
sempre é tolerante, pelo menos à primeira impressão, este ato de tolerância
religiosa marca bem um potencial que a sociedade portuguesa apresenta apesar
dos números devastadores do desemprego. Aliás, com o espectro demográfico que
apresentamos para os próximos vinte anos, a recuperação também passará pela
nossa capacidade de acolhimento, integração e convivência com outras culturas,
religiões e valores. E marca bem o nosso papel na Europa alargada.
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