quarta-feira, 9 de maio de 2012

MARTIN WOLF



Martin Wolf é editor associado do Financial Times e o seu principal comentador económico. Na última década, Wolf ficou conhecido por ser um dos principais “falcões” da globalização, intervindo ativamente no debate pró e contra esse processo e sendo um dos seus principais defensores. A sua obra, publicada em 2004 pela Yale University Press, Why Globalization Works, é considerada como uma das principais referências entre os que assumiram a posição favorável à economia global de mercado.
A evolução das suas análises sobre a situação da zona euro e da economia mundial em geral tem especial interesse, pois pode considerar-se uma perspetiva a partir do interior do próprio paradigma da globalização.
Entretanto, numa época em que a “águia vitória já não é o que era” e em que os falcões estão eles próprios urbanizados, procriando numa floreira de um anónimo edifício em altura de Lisboa, poderá também dizer-se que “os falcões já não são o que eram”. Mas a última crónica de Wolf no FinancialTimes parece levar a sério o significado possível da eleição de Hollande, denunciando ele próprio a ausência de qualquer margem de manobra dos países endividados face ao nível elevado das taxas de juro e a ilusão de que as “famigeradas” reformas estruturais produzam efeitos imediatos em termos de crescimento.
Wolf é particularmente crítico quanto à incapacidade alemã de compreender que a desinflação (desvalorização interna) a que os países sob o fogo das dívidas soberanas teria de ser acompanhada por inflação acrescida nas economias em melhores condições económicas e orçamentais, o que não acontece. Daí que na referida crónica, Wolf proponha que Hollande cavalgue a tese do aumento necessário dos salários na Alemanha como instrumento ao serviço dessa simetria de ajustamento. Aumento que recebeu algum apoio do Ministro das Finanças Schäuble e essa é também uma novidade.
O significado desta proposta resulta de onde vem. Não é a esquerda radical grega ou francesa que a propõe. É um dos defensores mais aguerridos do processo de globalização que o faz. Falcão ou moderado não interessa.

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