(com a devida vénia ao Jornal i)
Em notícia do jornal i de hoje pode ler-se
que: “Regulador (Banco de Portugal) pede à banca que cancele contas caucionadas
- As instituições estão a aumentar o spread
das contas correntes, a cancelar contratos e exigir às empresas que amortizem
os montantes usados”.
A notícia acrescenta que “O Banco de Portugal
recomendou às instituições bancárias que limitem o acesso dos clientes
empresariais às contas correntes caucionadas, sabe o i. Numa altura em que o
crédito é escasso e caro, estas contas têm sido um instrumento flexível para
responder às necessidades de tesouraria, sobretudo das pequenas e médias
empresas (PME) e em alguns casos funcionam mesmo como uma tábua de salvação”.
Sabe-se que a banca tem de reduzir o rácio
entre crédito concedido e depósitos captados, mas fazê-lo essencialmente à
custa do numerador, reduzindo-o, num período em que os tempos de cobrança de
faturas devidamente emitidas seja por autoridades públicas, seja por empresas
privadas, são escandalosamente altos no plano comparativo europeu não deixa de
ser intrigante. Sobretudo, quando, ainda segundo o mesmo jornal, o governador
Carlos Costa fala de ““um processo ordenado de desalavancagem, através da
alienação selectiva de activos, nomeadamente créditos, mantendo o fluxo de
financiamento à economia”. Fazê-lo ainda sem nenhuma diferenciação quanto ao
grau de autonomia financeira das empresas continua a ser pelo menos intrigante,
sobretudo quando, nas já referidas condições de alongamento de tempos de
pagamento, o crédito de tesouraria é frequentemente a condição essencial para
manter oportunidades de mercado e aguentar a instabilidade das relações com clientes e fornecedores.
Será que vai vingar a zangada resposta do
Presidente Ulrich do BPI a um jornalista há dias, afirmando que quem pensa que
o problema da economia portuguesa é um problema de crédito não conhece a
economia portuguesa? Não será seguramente o maior problema estrutural da
competitividade portuguesa. Mas será que Ulrich conhece alguma economia de mercado
bem sucedida em que o crédito não flua, claro com rigor? Espanta-me que não
tenha tido a mesma avaliação na outra fase do ciclo.
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