(do Diário de Notícias)
Não imagino que difusão internacional irão
ter as imagens da muito particular comemoração do 1 de Maio em Portugal com a
corrida aos supermercados Pingo Doce para aproveitar o desconto de 50% em
compras acima de um dado limiar que me escapou. Mas se a tiver trata-se não há
dúvida de uma boa imagem do estado calamitoso em que hoje se encontra a sociedade
portuguesa que certamente irá sobrepor-se a qualquer
campanha de comunicação baseada na excelência de portugueses que trabalham por
esse mundo.
Marketing agressivo ou simples provocação política
é uma boa questão que pode ser colocada. Continuaremos à espera de que a
autoridade da concorrência ou essa desorientada ASAE se pronunciem sobre a
legalidade da iniciativa e sobretudo sobre o que ela pode representar como
machadada final em algum pequeno comércio. Pelo teor de intervenção dessas
autoridades no passado talvez esperemos sentados, pois certamente não resultará
dessa investigação qualquer resultado.
Do ponto de vista comercial, utilizar o início
do mês e um feriado e explorar a compressão forçada do consumo de muitas famílias
pode resultar de alguma intuição comercial. Mas fazer coincidir a iniciativa
com uma data que continua a manter para as organizações sindicais algum
significado cheira a provocação, sobretudo vindo de uma família que não se tem
coibido de fazer da sua capacidade empresarial uma forma de intervenção política.
As imagens que circularam sobre a corrida ao
desconto trouxeram uma mescla de procuras que iam das famílias visivelmente em
dificuldades de compressão forçada de consumo, que viam na operação uma espécie
de conquista, de negócio do mês, pelo menos, aos visitantes com automóveis de topo
de gama que certamente maximizaram o seu desconto global, frequentando
estabelecimentos Pingo Doce das avenidas novas ou da Foz no Porto. Uma imagem
pitoresca mas seguramente real do “divide” que cava hoje a sociedade portuguesa.
Que terá António Barreto a dizer sobre isto?
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