No último post comentei uma notícia do Jornal
i centrada num dos problemas mais imediatos colocados ao financiamento da atividade
empresarial, o da supressão ou pelo menos das dificuldades em torno das
chamadas contas caucionadas ou mais vulgarmente crédito de tesouraria.
A notícia sugeria que a orientação assumida
pela banca resultaria de ação direta do Banco de Portugal e daí o título do
post “Uma posição intrigante do Banco de Portugal”.
Chega-me informação segundo a qual sou levado
a crer que não será possível estabelecer qualquer relação entre a orientação
assumida pela generalidade da banca e a intervenção reguladora do Banco de
Portugal e que, por isso, a notícia do jornal i carece de fundamento no
estabelecimento dessa ligação. Daí esta correção que se impõe. Que a prática da banca que
foi identificada existe não tenho dúvidas. Que ela não tenha origem em qualquer
orientação direta do Banco de Portugal alimenta sobretudo a convicção de que o
regulador está atento não apenas a esta situação específica, mas
sobretudo à necessidade de que a economia real resiliente não fique privada do
acesso ao financiamento bancário. Todos sabemos que a desalavancagem do sistema
bancário é o outro lado da moeda da mudança do processo de afetação de
recursos, baseado no inevitável menor peso que os não transacionáveis poderão
representar na economia portuguesa. Mas o que está aqui em causa é a desproteção
a que a economia resiliente (apesar da situação recessiva interna e
internacional) pode ficar submetida com uma rarefação pouco seletiva do crédito.
Outra questão é a de saber se o modelo de
financiamento da atividade empresarial na Europa, e em Portugal por maioria de
razão, pode continuar indefinidamente baseado no financiamento bancário. É de
facto uma questão crucial. Mas essa sim é das tais reformas estruturais no
sentido amplo do termo que a economia lhe dá, o da mudança estrutural, neste caso dos mecanismos de financiamento de suporte à penosa transformação do nosso sistema produtivo.
Sem comentários:
Enviar um comentário