quinta-feira, 3 de maio de 2012

REAVALIAÇÃO DE UMA NOTÍCIA DO JORNAL i


No último post comentei uma notícia do Jornal i centrada num dos problemas mais imediatos colocados ao financiamento da atividade empresarial, o da supressão ou pelo menos das dificuldades em torno das chamadas contas caucionadas ou mais vulgarmente crédito de tesouraria.
A notícia sugeria que a orientação assumida pela banca resultaria de ação direta do Banco de Portugal e daí o título do post “Uma posição intrigante do Banco de Portugal”.
Chega-me informação segundo a qual sou levado a crer que não será possível estabelecer qualquer relação entre a orientação assumida pela generalidade da banca e a intervenção reguladora do Banco de Portugal e que, por isso, a notícia do jornal i carece de fundamento no estabelecimento dessa ligação. Daí esta correção que se impõe. Que a prática da banca que foi identificada existe não tenho dúvidas. Que ela não tenha origem em qualquer orientação direta do Banco de Portugal alimenta sobretudo a convicção de que o regulador está atento não apenas a esta situação específica, mas sobretudo à necessidade de que a economia real resiliente não fique privada do acesso ao financiamento bancário. Todos sabemos que a desalavancagem do sistema bancário é o outro lado da moeda da mudança do processo de afetação de recursos, baseado no inevitável menor peso que os não transacionáveis poderão representar na economia portuguesa. Mas o que está aqui em causa é a desproteção a que a economia resiliente (apesar da situação recessiva interna e internacional) pode ficar submetida com uma rarefação pouco seletiva do crédito.
Outra questão é a de saber se o modelo de financiamento da atividade empresarial na Europa, e em Portugal por maioria de razão, pode continuar indefinidamente baseado no financiamento bancário. É de facto uma questão crucial. Mas essa sim é das tais reformas estruturais no sentido amplo do termo que a economia lhe dá, o da mudança estrutural, neste caso dos mecanismos de financiamento de suporte à penosa transformação do nosso sistema produtivo.

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