Decorreu hoje, em encontro à porta fechada na Cidadela de Cascais, mais um Conselho para a Globalização, uma iniciativa promovida pela COTEC Portugal e patrocinada pelo Presidente da República. É obviamente útil e inquestionavelmente muito positivo debater ideias em torno da promoção de Portugal no estrangeiro e reunir personalidades com envolvimento em diferentes países, designadamente empresários e gestores portugueses ou com fortes ligações a Portugal. Pelo menos em abstrato…
Já em concreto, e embora não seja conhecido todo o
detalhe do programa e do desenvolvimento dos trabalhos, é confrangedor o teor
do que as reportagens dos nossos órgãos de comunicação social informam sobre o
que por lá se ouviu aos nossos três mais reconhecidos políticos da atualidade, os
quais tendem crescentemente a constituir-se como que numa espécie de versão
doméstica dos célebres “marretas”.
Descobriu Cavaco neste seu roteiro de
segundo trimestre de ano bissexto: “O País só poderá encontrar uma trajetória
de crescimento económico sustentável através de uma aposta no reforço dos
fatores de competitividade, na conquista de novos mercados e na melhoria do
conhecimento da realidade portuguesa no exterior. E é precisamente aqui que o
contributo da diáspora – o vosso contributo – poderá ser decisivo.”
Radicalmente inovador!
Explicou Passos guiado pela sua visível estratégia
de valorização da força de trabalho nacional: “Em Portugal durante muitos anos
falou-se de um modelo de crescimento que se verificou foi demasiado caro para o
País e conduziu o País a uma pobreza que nós agora estamos a procurar inverter.
Um modelo de crescimento assente em baixos salários e em dívida insustentável
não é um modelo de crescimento, é um modelo de empobrecimento.” Em nome de uma
qualquer verdade!
Receitou Durão insuflado da autoestima
europeia que lhe caíu no colo: “Como se nós portugueses tivéssemos pouca
confiança nas nossas capacidades. Ora, nada justifica que assim seja. E se me
permitem, eu gosto sempre de citar o caso de Cristiano Ronaldo e de José
Mourinho que são portugueses que seguramente não têm problemas de
autoconfiança. Julgo que precisávamos talvez de alguma maior confiança na
afirmação dos portugueses no mundo.” Um homem de ciência e cultura!
Enfim, um País que tem hoje duas troikas: a do protetorado, em mau
modo tecnocrático, e esta novíssima, em bom modo provinciano. Quanto aos
portugueses, não sabendo o que fazer, vão-se perguntando atrás da canção “se é melhor amar as duas, sem nenhuma perceber”…
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