As ondas de choque do caso Pingo Doce propagaram-se ao
longo da semana numa sequência de análises e comentários que praticamente
dominou a agenda do debate político.
Retenho de entre o muito ruído de ideias que o tema
provocou a diatribe de Vasco Pulido Valente no Público de sábado contra os sociólogos
numa crónica duramente intitulada de Bodo aos Pobres. Os maus fígados de VPV
destilam regularmente alvos preferenciais e desta vez os sociólogos não
escaparam. É verdade que alguns elementos da tribo não estiveram
particularmente inspirados. Manuel Villaverde Cabral, por exemplo, não arranjou
melhor dicotomia do que a de trabalhador-consumidor para analisar o caso Pingo
Doce, tendo decretado que o consumismo imperou em detrimento da militância. Parece-me
que MVC não entendeu ainda o estado do país, aliás compreensível em alguém que tão
laudatoriamente recebeu a nova maioria política.
Num blogue como este em que a Paula Guerra está inativa
do ponto de vista de produção e em que ainda esperamos pelos contributos do José
Madureira Pinto não há capacidade de resposta à diatribe de VPV que passo a
citar:
“Houve, apesar disso, meia dúzia de protestos sem consequência
mas com fervor e meia dúzia de extravagantes teorias de sociólogos no
desemprego. Dos sociólogos não vale a pena dizer muito, porque lhes pagam
precisamente para fingir que explicam a evidência num calão consensual e
sedativo e, se possível, sem sentido”
Chocou-me
sobretudo o “porque lhes pagam precisamente para fingir que explicam …”. Quem
responderá a este veneno destilado pela pena de VPV? Estou curioso.
Talvez o António Barreto, se conseguir despir as vestes de juíz em causa quase própria...
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