Anda o Governo
atarefado em harmonizar posições sobre como reindustrializar, ou seja, em redefinir
o alcance do que o ministro Álvaro designou de fundamentalismos ambientalistas e
nem deu atenção ao que a azougada ministra Cristas anunciou como sendo uma “grande
vitória” em Bruxelas.
Nada mais, nada menos
do que a grande reforma das galinhas portuguesas, segundo o portal do Governo: “A
Ministra da Agricultura, Assunção Cristas, afirmou que a reconversão de
explorações de galinhas poedeiras que violavam as normas comunitárias foi
concluída sem necessidade de abater animais. No início do ano, a Comissão
Europeia abriu um processo de infracção contra 13 Estados-membros, incluindo
Portugal, por atraso na aplicação da legislação sobre bem-estar das galinhas
poedeiras, que deviam ter gaiolas melhoradas, com mais espaço para fazerem
ninho, esgravatarem e empoleirarem-se, ou em sistemas alternativos. Assunção
Cristas afirmou aos deputados da Comissão Parlamentar de Agricultura que tudo
foi feito sem encerrar explorações, nem abater animais: «Tudo foi reconvertido.
Nas explorações mais pequenas mudou-se o sistema de produção para sistemas ao
ar livre», afirmou a Ministra, acrescentando que «há a expectativa» de aumentar
o efetivo atual, de 6 milhões de galinhas, para 7 ou 7,5 milhões”.
A fazer fé em toda a
notícia governamental, a melhoria das condições de bem-estar do galináceo tem
por efeito resolver um problema demográfico, aumentando efetivos de 6 para 7 ou
7,5 milhões.
A ministra Cristas
talvez esteja a falar por metáforas. Do arrendamento ao ambiente e ordenamento,
passando agora pelos galináceos, a ministra diversifica-se. Terá encontrado uma
nova forma de comunicação dos grandes problemas do país? Insensibilidade social
parece existir. Mas uma profunda sensibilidade aos problemas dos galináceos está
agora demonstrada. E não sei se repararam na subtileza de resolverem os
problemas das explorações mais pequenas, glorificando os sistemas produtivos ao
ar livre. Um regresso às origens?
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