Ainda no tal registo de notícia má
versus notícia boa e a pretexto do recentíssimo lançamento de uma caixa
reunindo todos os discos de estúdio de Pedro Abrunhosa (“Inteiro”)...
A notícia má decorre do contexto, assim
descrito pelo próprio músico portuense: “Estamos num apogeu de Portugal
comandado por uma legião de bastardos estrangeiros” ou “Estamos a transformar
cada cidadão português num mealheiro que se vira ao contrário e que se sacode
para ver quanto mais dinheiro dá. E a não ter nenhuma preocupação de foro
social, nenhuma preocupação de foro político, nenhuma preocupação de foro humano
para com essas pessoas. Nenhuma.”
A notícia boa é menos factual e, apesar
de eu não ser muito dado a acasos felizes, integra uma forte componente de
recordação e desejo. Por um lado, ela é-me suscitada pela revisitação de um
concerto de há 18 anos no Coliseu do Porto, a que assisti acompanhado da
descendência, marcando o retumbante sucesso do álbum de estreia de Pedro (“Viagens”,
disco português dos anos 90 para a Blitz e tripla platina em vendas) que
arrancava com aquele inesquecível “Não Posso Mais” e que tanto contribuiu para
a inglória despedida do regime cavaquista. Por outro lado, ela é-me suscitada por
um incontrolável arrebatamento de esperança associado a que o País que hoje
putrefaz é chefiado, afinal, pelo mesmíssimo personagem que em 1994 protagonizava
as prematuras manifestações de apodrecimento de um certo “Portugal na CEE”. Daí
a hipótese: e se as palavras de Pedro representassem um sinal?
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