quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

ABRUNHOSA INTEIRO


Ainda no tal registo de notícia má versus notícia boa e a pretexto do recentíssimo lançamento de uma caixa reunindo todos os discos de estúdio de Pedro Abrunhosa (“Inteiro”)...
 
A notícia má decorre do contexto, assim descrito pelo próprio músico portuense: “Estamos num apogeu de Portugal comandado por uma legião de bastardos estrangeiros” ou “Estamos a transformar cada cidadão português num mealheiro que se vira ao contrário e que se sacode para ver quanto mais dinheiro dá. E a não ter nenhuma preocupação de foro social, nenhuma preocupação de foro político, nenhuma preocupação de foro humano para com essas pessoas. Nenhuma.”
 
A notícia boa é menos factual e, apesar de eu não ser muito dado a acasos felizes, integra uma forte componente de recordação e desejo. Por um lado, ela é-me suscitada pela revisitação de um concerto de há 18 anos no Coliseu do Porto, a que assisti acompanhado da descendência, marcando o retumbante sucesso do álbum de estreia de Pedro (“Viagens”, disco português dos anos 90 para a Blitz e tripla platina em vendas) que arrancava com aquele inesquecível “Não Posso Mais” e que tanto contribuiu para a inglória despedida do regime cavaquista. Por outro lado, ela é-me suscitada por um incontrolável arrebatamento de esperança associado a que o País que hoje putrefaz é chefiado, afinal, pelo mesmíssimo personagem que em 1994 protagonizava as prematuras manifestações de apodrecimento de um certo “Portugal na CEE”. Daí a hipótese: e se as palavras de Pedro representassem um sinal?

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