domingo, 2 de dezembro de 2012

O PCP NÃO DEVERIA FAZER CONGRESSOS



Uma análise sumária aos materiais do XIX Congresso do PCP conduziu-me a esta controversa conclusão. O PCP não deveria fazer congressos. A razão é simples. Como partido de protesto, a retórica do PCP é imbatível e a organização ajuda. Mas num congresso a retórica de protesto não chega. É necessário dizer mais coisas, propor modelos, projetos, invocar referenciais internacionais, antecipar uma estratégia de exercício do poder. E aqui, deus meu, a pobreza de pensamento é franciscana, para não dizer assustadora. O incidente informático que colocou no écran por cima da cabeça de Jerónimo de Sousa a expressão “insert a cassette” é simbólica dessa pobreza de pensamento e de proposta. Pensar, por exemplo, que o radicalismo do Bloco de Esquerda é ainda uma manifestação oculta do pensamento social-democrata ilustra bem que a retórica do protesto, trocada por miúdos, continua sectária como sempre. Esperar neste contexto que uma insurreição interna das bases do PS proporcionará o frentismo historicamente tão ambicionado releva do mesmo autismo.
Por isso, o melhor seria não fazer congressos. A festa estival bastaria.

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