Uma análise sumária
aos materiais do XIX Congresso do PCP conduziu-me a esta controversa conclusão.
O PCP não deveria fazer congressos. A razão é simples. Como partido de
protesto, a retórica do PCP é imbatível e a organização ajuda. Mas num
congresso a retórica de protesto não chega. É necessário dizer mais coisas, propor
modelos, projetos, invocar referenciais internacionais, antecipar uma estratégia
de exercício do poder. E aqui, deus meu, a pobreza de pensamento é franciscana,
para não dizer assustadora. O incidente informático que colocou no écran por
cima da cabeça de Jerónimo de Sousa a expressão “insert a cassette” é simbólica dessa pobreza de pensamento e de
proposta. Pensar, por exemplo, que o radicalismo do Bloco de Esquerda é ainda
uma manifestação oculta do pensamento social-democrata ilustra bem que a retórica
do protesto, trocada por miúdos, continua sectária como sempre. Esperar neste
contexto que uma insurreição interna das bases do PS proporcionará o frentismo
historicamente tão ambicionado releva do mesmo autismo.
Por isso, o melhor
seria não fazer congressos. A festa estival bastaria.
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