À medida que
o fim de ano se aproxima, é natural que se ceda à tentação de tentar associar o
ano que finda a algo de marcante, positivo ou negativo, gratificante ou
penalizador, não importa.
A escolha não
foi fácil. O que me ocorre salientar é que 2012 foi a confirmação da incerteza
como fator condicionador das vidas da esmagadora maioria dos portugueses. Não é
que a incerteza seja uma novidade absoluta. Diria antes, paradoxalmente, que a
perspetiva da incerteza se tornar uma certeza marcou 2012.
Essa
incerteza tem várias dimensões.
Em primeiro
lugar, a perceção de que o síndroma do “GREXIT”(ainda não totalmente
erradicado) nos pode alterar radicalmente a vida e colocar de pernas para o ar
a nossa relação de devedores – credores a nível individual. Uma saída da Grécia
do Euro anteciparia reações imprevisíveis e insondáveis. E a economia
portuguesa estaria imediatamente na rampa seguinte. Em 2012, tivemos, assim, a confirmação
de que a máquina do euro não foi nem concebida nem testada para grandes pressões.
Daí que enquanto não for consertada (será possível?) teremos uma incerteza dinâmica
e estrutural. Dinâmica porque reagirá a múltiplos fatores de agitação, entre os
quais a inépcia dos candidatos a resolver as suas insuficiências. Estrutural
porque decorre da sua conceção inacabada, ignorando os esforços que o mundo
(com Keynes na linha da frente) realizou nos fins dos anos 40 para conceber um
sistema monetário de moedas nacionais convertíveis.
Em segundo
lugar, porque percebemos finalmente que o Estado não é pessoa de bem e que o
nosso rendimento disponível (salários, pensões, sobretudo) pode experimentar a
qualquer momento diminuições não anunciadas e que o desemprego é uma das
certezas mais robustas para uma fração significativa de portugueses.
Em terceiro
lugar, porque a incerteza se perfila nas vidas da grande maioria dos nossos
filhos e netos, convidando-nos a uma valoração do momento a que não estávamos
habituados.
Por todos
estes motivos, 2012 ficará associado à consolidação estrutural da incerteza na
sociedade portuguesa.
Motivos para
um retorno a Augustina.
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