quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

ESCREVER DIREITO POR LINHAS TORTAS

Adquiro semanalmente uma revista de grande informação e tendo a oscilar entre a Visão e a Sábado. O tema de capa ajuda a decidir, assim como um rápido folhear das mesmas quando para tal há tempo. Mas uma das vantagens que mais reconheço à segunda tem a ver com a qualidade de alguns dos seus colunistas, especialmente José Pacheco Pereira e Pedro Santos Guerreiro.

Esta semana, um colunista da Sábado (Gonçalo Bordalo Pinheiro) escolheu para sua abordagem um tema bem interessante: a decisão do Governo britânico de nomear um cidadão estrangeiro para substituir Mervyn King enquanto governador do prestigiado Banco de Inglaterra (BoE), no caso o ex-governador do Banco Central do Canadá Mark Carney e após um processo de recrutamento relativamente original e amplamente transparente (concurso internacional aberto e globalmente divulgado, elaboração de uma “shortlist” por uma comissão de altos funcionários, inquirição parlamentar).

Onde a porca torceu o rabo foi na infeliz comparação desta feliz forma de encontrar “a melhor, mais experiente e mais qualificada pessoa do mundo para o cargo” com a nomeação do atual governador do Banco de Portugal pelo anterior ministro das Finanças. Nunca é justo falarmos daquilo que não sabemos ou para que não temos competência, mas a insinuação de que Carlos Costa seria “a melhor, mais experiente e mais qualificada pessoa do círculo de conhecidos do ministro para o cargo” não releva de qualquer nexo de causalidade com a qualidade da sua prestação – aliás altíssima – e corresponde a um floreado tão desnecessário e arbitrário quanto deplorável…

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