terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A REINDUSTRIALIZAÇÃO DE ASP

(Ministro Álvaro Santos Pereira, o amigo da reindustrialização)


O ministro Álvaro Santos Pereira é um daqueles casos de morte política anunciada que subitamente parece regressar do além, o que curiosamente também parece ser o caso de Miguel Relvas (observação lúcida de Augusto Santos Silva, hoje na TVI 24). O aparente motivo da ressurreição política deve-se em parte à ausência de pensamento no governo sobre perspetivas de crescimento. Primeiro, foi a guerra dos 10% de IRC para os novos investimentos a pensar num abanão da atração de investimento direto estrangeiro (IDE). Depois, foi o cavalgar do tema da reindustrialização, determinando que, pela primeira vez em alguns anos, tivéssemos um ministro presente numa reunião envolvendo um grupo de países interessados no tema, assinando uma carta para a defesa desse processo.
Mas o fogacho não passou disso. Em primeiro lugar, desconhece pelos vistos a existência de uma iniciativa nacional (com epicentro no Norte), a Associação Forum Manufuture, presidida por Carlos Costa até à assunção de funções como governador do Banco e Portugal, cuja atividade tem sido a de dinamizar iniciativas orientadas para a valorização da indústria transformadora em estreita reflexão com iniciativas europeias nessa matéria. Depois, a única ideia relevante apresentada pelo ministro foi a de associar a reindustrialização a uma, segundo ele, necessária simplificação dos condicionamentos ambientais (uma política ambiental amiga do investimento), por si eufemisticamente considerados de fundamentalismo ambientalista. E não hesitou em espetar o dedo para as políticas comunitárias: “ao nível das regras ambientais e de outras regras, obviamente, que sejam importantes, a Europa não seja mais papista que o papa em relação a outras regiões do globoAo nível dos regulamentos da introdução dos biocombustíveis, ao nível do combate às alterações climáticas, é fundamental que a Europa mantenha a sua liderança, desde que não prejudiquemos a nossa indústria”. O homem aguentou-se um tempo, mas a sua propensão para a asneira quebrou toda a contenção possível. Ou seja, num tempo da economia verde e tecnologias limpas, de adaptação da indústria a um novo paradigma de sustentabilidade ambiental, de forte investimento público (com cofinanciamento comunitário) em áreas de acolhimento empresarial de nova geração, o que pretende afinal o ministro? Na prática e bem lá no fundo das sua imaginação, o que ASP ambiciona é transformar Portugal numa espécie de paraíso da liberdade ambiental cá dentro, captando capital estrangeiro que anda por esse mundo à procura de uma aberta ambiental. Por outras palavras, AVS pretende ser o homem dos PIN da liberalização ambiental. Conviria refletir no que foi a experiência dos PIN turísticos e não só e verificar o que temos hoje em troca dessa forma de desregulação do ordenamento do território. Esperemos que AVS hiberne de novo, o inverno ainda será longo. É a melhor forma de evitar o disparate ou então impõe-se que vá “PINAR” para outro lado. Atentamente gratos.

Sem comentários:

Enviar um comentário