sábado, 8 de dezembro de 2012

TAXI DRIVER


Nada como uma viagenzinha de táxi para medir o pulso à situação e aquilatar a terrível realidade que nos rodeia. O motorista que ontem me calhou em sorte abriu as hostilidades olhando pela janela da viatura e produzindo um lamento (“ninguém nas ruas…”), prosseguiu com uma constatação lapalissiana (“há sempre dois lados, o deve e o haver…”), avançou uma interrogação lógica (“havia uns restaurantes com o seu movimento e os seus empregados, aumentaram-lhes o IVA, muitos restaurantes fecharam, o desemprego aumentou, a receita do imposto diminuiu; então não teria sido melhor para todos não terem mexido no que estava?”), deu uns toques básicos de estratégia (“isto tem estado a viver cada vez mais dos turistas, que passam por aí dois ou três dias e fazem girar algum dinheiro, mas por este andar qualquer dia já nem têm lugares onde gastar…”) e terminou com um desabafo entre o conformado e o desafiante (“eles estão a fazer tudo para isto acabar, não sei é se o pessoal vai deixar…”). Cristalino!

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