Fim de festa
em Guimarães, Capital Europeia da Cultura. Sexta-feira, 28 de Dezembro, cidade
ainda fervilhante apesar do fim anunciado. Estará a aposta ganha?
Oportunidade
para visitar a Exposição Fernando Távora – Modernidade Permanente.
Fim de tarde
húmido, mas aconchegado e não agressivo. Sinal dos tempos. O campus da
Universidade do Minho em Guimarães aberto, nenhum sinal aparente de segurança,
cancelas de acesso das viaturas levantadas, campus praticamente deserto, um
laboratório ou outro com luz, alguns (poucos) praticantes de jogging na bela
envolvente deste espaço. Lá ao fundo, em cima e à esquerda, luz no Edifício da
Escola de Arquitetura, ele próprio um projeto de Fernando Távora e de seu filho
J.B. Távora, acolhendo a exposição “Fernando Távora - Modernidade Permanente”.
Feliz
harmonia entre o conforto depurado do edifício e a serenidade eloquente que transparece
de todo aquele material. Como era diferente esta geração da arquitetura que lançou
as primeiras pedras do que alguns ainda teimam em classificar de A Escola do
Porto. A sobriedade serena e eloquente do seu traço, a sua mundividência feita
de encontros com os grandes arquitetos da época (bolsa Fundação Calouste
Gulbenkian), fundamentais para conceber e consolidar a sua própria modernidade.
Em fotografias da exposição, nomes conhecidos, muito jovens ainda, ilustrações
de cumplicidades, afetos e influências: Mestre Carlos Ramos, Lanhas, Pedro
Ramalho, Alexandre Alves Costa, Nadir Afonso e muitos mais.
Mas para um
leigo da arquitetura, embora sensorialmente tocado por ela, numa sala de aulas
belíssima, um pequeno anfiteatro quase um quadrado em que o mestre ocupa não um
lugar acima do auditório mas pelo contrário ao mesmo nível ou a um nível
inferior, um conjunto de vídeos recupera algumas aulas do Arquiteto. E perante
uns minutos de visualização desse material, emerge a figura do Mestre,
crescentemente perdida nas nossas Universidades e que para as artes continua a
ser o epicentro de toda a prática pedagógica.
A serenidade
do Mestre reconfortou-me o fim de tarde.
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