quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

ISTO NÃO SÃO SÓ CHINESICES


O quadro acima, recentemente publicado pelo “Financial Times”, parece apenas mais um do imenso rol com que vai sendo demonstrada a fortíssima dinâmica exportadora chinesa da última década. Talvez com o relevante acréscimo de tal dinâmica surgir aqui associada a um setor “moderno”, como é o caso da indústria automóvel e da aproximação ao milhão de veículos vendidos no mercado internacional por parte dos correspondentes produtores chineses (contra 22 mil há dez anos).
 
Não obstante essa evidência, o facto é que lhe subjazem também alguns dilemas clássicos da Economia Internacional – designadamente no tocante às condições de validade de uma qualquer neo-teoria do ciclo do produto ou quanto ao estafado debate entre promoção das exportações e reconquista do mercado interno. Enumero quatro sob a forma interrogativa:

·         Dada a enorme dimensão do mercado doméstico chinês, o maior do mundo, até que ponto traduz aquela evolução uma repartição desfavorável do controlo desse mercado pelos produtores locais (em torno de 30%) em relação à concorrência estrangeira (americana, europeia, coreana) e, paralelamente, alguma diminuição da eficácia protecionista instalada em linha com a adesão do país à OMC?

·         Dada a agressividade da competição automóvel reinante nos grandes mercados desenvolvidos, até que ponto traduz aquela evolução uma significativa e sustentável estratégia de diversificação geográfica levada a cabo por alguns dos principais agentes da indústria local (Argélia, Iraque, Irão, Rússia e Chile são atualmente os cinco maiores mercados de destino)?

·         Dada a conhecida falta de reputação tradicionalmente associada aos produtos e marcas de origem chinesa, até que ponto traduz aquela evolução um arriscado “remake” da anterior fase de afirmação competitiva do país à escala internacional assente em produtos menos bem posicionados em termos de preço e gama (sendo a “Great Wall Motors” a mais honrosa das exceções setoriais a essa regra)?

·         Dada a crescente significância global do fenómeno de multinacionalização vinda do Sul (com um especial lugar ocupado pela China na matéria), até que ponto traduz aquela evolução uma manifestação da dimensão que o mesmo poderá vir a alcançar no setor em presença e, paralelamente, do seu impacto expectavelmente negativo em termos de comércio externo (com as maiores exportadoras, “Chery” e “Geely”, a anunciarem fábricas no Brasil ou na Bielorússia e Uruguai e a “Great Wall” a antecipar para 2015 um inimaginável número de 24 unidades produtivas no exterior)?
 
Entretanto, e num provável registo útil, junto abaixo alguns logotipos a ter em devida conta no próximo futuro…


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