O quadro acima, recentemente publicado
pelo “Financial Times”, parece apenas mais um do imenso rol com que vai sendo
demonstrada a fortíssima dinâmica exportadora chinesa da última década. Talvez
com o relevante acréscimo de tal dinâmica surgir aqui associada a um setor “moderno”,
como é o caso da indústria automóvel e da aproximação ao milhão de veículos
vendidos no mercado internacional por parte dos correspondentes produtores
chineses (contra 22 mil há dez anos).
Não obstante essa evidência, o facto é
que lhe subjazem também alguns dilemas clássicos da Economia Internacional –
designadamente no tocante às condições de validade de uma qualquer neo-teoria
do ciclo do produto ou quanto ao estafado debate entre promoção das exportações
e reconquista do mercado interno. Enumero quatro sob a forma interrogativa:
·
Dada a enorme dimensão do mercado doméstico chinês, o maior
do mundo, até que ponto traduz aquela evolução uma repartição desfavorável do
controlo desse mercado pelos produtores locais (em torno de 30%) em relação à
concorrência estrangeira (americana, europeia, coreana) e, paralelamente,
alguma diminuição da eficácia protecionista instalada em linha com a adesão do
país à OMC?
·
Dada a agressividade da competição automóvel reinante nos grandes
mercados desenvolvidos, até que ponto traduz aquela evolução uma significativa e
sustentável estratégia de diversificação geográfica levada a cabo por alguns dos
principais agentes da indústria local (Argélia, Iraque, Irão, Rússia e Chile
são atualmente os cinco maiores mercados de destino)?
·
Dada a conhecida falta de reputação tradicionalmente associada
aos produtos e marcas de origem chinesa, até que ponto traduz aquela evolução
um arriscado “remake” da anterior fase de afirmação competitiva do país à
escala internacional assente em produtos menos bem posicionados em termos de
preço e gama (sendo a “Great Wall Motors” a mais honrosa das exceções setoriais
a essa regra)?
·
Dada a crescente significância global do fenómeno de
multinacionalização vinda do Sul (com um especial lugar ocupado pela China na
matéria), até que ponto traduz aquela evolução uma manifestação da dimensão que
o mesmo poderá vir a alcançar no setor em presença e, paralelamente, do seu impacto
expectavelmente negativo em termos de comércio externo (com as maiores
exportadoras, “Chery” e “Geely”, a anunciarem fábricas no Brasil ou na
Bielorússia e Uruguai e a “Great Wall” a antecipar para 2015 um inimaginável
número de 24 unidades produtivas no exterior)?
Entretanto, e num provável registo
útil, junto abaixo alguns logotipos a ter em devida conta no próximo futuro…
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