Domingo de trabalho intenso,
em torno da avaliação estratégica do QREN nas componentes da inovação e
internacionalização, uma das matérias profissionais que mais me interessa e que
me faz recordar alguma da investigação realizada em torno dos temas da economia
da inovação e do conhecimento.
Pouco tempo pois para
investir na vasta informação do fim de semana.
A reflexão que aqui
trago hoje, já na transição para uma nova semana, foi suscitada pela passagem
dominical de princípio da noite de Marcelo Rebelo de Sousa pela TVI, com a
sempre reverente e pouco incisiva Judite de Sousa a completar o quadro.
Entre outras matérias
sem grande relevância, vale a pena registar o comentário do Professor de verbo
fácil sobre duas das posições mais recentes sobre a questão do Estado Social, mínimo,
refundado ou conservado em redoma para peregrinos verem. Cito-as aqui porque em
meu entender não se recomendam. Introduzem ruído perturbador para uma discussão
que um dia destes os portugueses vão ter der fazer.
De um lado do extremo
destas posições, podemos situar a posição de Passos Coelho nas suas mais
recentes alocuções, designadamente ao Congresso da JSD. Apoiada em mistificações
históricas, ou melhor por um completo desconhecimento da história que esta nova
geração de políticos “jotistas” alegremente evidencia, a posição destes novos
peregrinos é lançar a suspeição sobre a possibilidade do Estado Social ter
representado uma forma de proteção enviesada, essencialmente favorecedora da
classe média, por isso com necessidade de intervenções corretoras para combater
esses potenciais monopólios de benefício. Esta gente sem dimensão histórica de
pensamento, por isso mesmo de plástico e
utilitaristas, confunde elementos de avaliação do caráter distributivo das políticas
sociais em concreto (por vezes não tão redistributivo como isso) com as condições
estruturais que transformaram o Estado Social numa grande conquista do século
XX. Uma simples leitura da obra de Tony Judt daria alguma luz a cérebros tão
pouco iluminados.
No outro extremo, a
esquerda Soarista e algum radicalismo do tipo CGTP estica a corda e começa a
fazer comparações com o antes do 25 de Abril, erguendo de novo a esperança de
uma abordagem frentista à superação de tudo isto. O inseguro Seguro, para além
de matar a herança de Sócrates e partir para outra, ainda terá à perna as
diatribes de Soares, cujo eco é proporcional ao vazio de proposta das próprias
ideias de Seguro.
Ambos os fogos não se
recomendam. O combate do vazio de pensamento histórico dos “jotistas” e “operacionais”
tipo Relvas (que os há também no PS, claro está) que ascenderam ao poder não se
concretiza por uma invocação retórica do antes do 25 de Abril, com comparações
não contextualizadas.
Quem se deixar apanhar
entre estes dois fogos queimar-se-á por certo. Não serão os oitenta e muitos
anos de Soares que me farão esquecer o espírito crítico necessário para combater estas derivas. Um contra-fogo (técnica
sempre perigosa) será necessário.
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