sábado, 15 de dezembro de 2012

PORTUGAL SÃO ELES

 
Álvaro e Carlos não fazem a coisa por menos, eles querem mesmo fazer a “reindustrialização do século XXI”. E parece que não se contentam em ficar por Portugal mas que querem também disseminar a sua salvadora palavra por essa velha Europa fora – um discurso mobilizador e cheio de ideias simples, medidas originais e metas exequíveis…
 
O secretário de Estado esteve na SIC-N a explicar-nos a coisa. E foi a um Mário Crespo inebriado de fascinação – “Eng.º Carlos Oliveira, o senhor e o ministro Álvaro Santos Pereira lançaram hoje também um conceito novamente para tentar dinamizar o nosso espírito empreendedor ‘Portugal Sou Eu’. ‘Portugal Sou Eu’, Portugal é o senhor seguramente. O que é que pretendem com isto?” – que declarou pretenderem “unir os portugueses à volta deste conceito fundamental que é a importância de comprarmos produtos com alta taxa de incorporação nacional, produtos que criem valor em valor no sentido de ajudarmos o País a sair desta crise” e que “isto é um programa dos portugueses, não é um programa do Governo, o Governo estimula e lança mas aquilo que queremos é que o ‘Portugal Sou Eu’ seja uma visão dos portugueses para um desígnio nacional e que complementa um desígnio que é o desígnio das exportações.” Ou seja, e como o seu próprio título governativo indicia, uma iniciativa verdadeiramente empreendedora, competitiva e inovadora!
 
E para que se não diga que aquela conversa não passa de conversa, também há alguma ciência numérica à mistura. Dois meros exemplos: um impacto de 700 milhões de euros na balança comercial (se uma família portuguesa passar a comprar 5 euros de produtos “Portugal Sou Eu” num cabaz de compras de 100 euros de produtos importados) e o desafio de Portugal passar o peso das suas exportações no PIB dos atuais 35,5% para 50% até 2020.

 
Não obstante, a relevância concedida a este tópico pressupõe um esforço sério de abstração em relação aos milhões (primeiro de contos e depois de euros) que os sucessivos quadros comunitários já consagraram, através de diversas instituições públicas e associações empresariais, a tão inédito escopo! Um caso muito visível, sobretudo pela sua continuidade temporal, é o da Associação Empresarial de Portugal (AEP) que – só no âmbito do projeto “Compro o que é nosso” – terá aplicado mais de 3,5 milhões de euros na promoção do consumo de produtos portugueses (2006 a 2009) e adicionais 1,8 milhões de euros na captação e fidelização de aderentes e na educação dos segmentos de consumidores mais jovens.
 
E assim se vai fazendo este Portugal de mentes tão brilhantes quanto desaproveitadas. Quando não se tem vergonha de exibir a ignorância e não há limites para proclamar o ridículo, só pode sobrar uma cândida e mimosa impunidade… 

Sem comentários:

Enviar um comentário