Álvaro e Carlos não fazem a coisa por
menos, eles querem mesmo fazer a “reindustrialização do século XXI”. E parece
que não se contentam em ficar por Portugal mas que querem também disseminar a sua
salvadora palavra por essa velha Europa fora – um discurso mobilizador e cheio
de ideias simples, medidas originais e metas exequíveis…
O secretário de Estado esteve na SIC-N a explicar-nos a coisa. E
foi a um Mário Crespo inebriado de fascinação – “Eng.º Carlos Oliveira, o senhor e o ministro
Álvaro Santos Pereira lançaram hoje também um conceito novamente para tentar dinamizar
o nosso espírito empreendedor ‘Portugal Sou Eu’. ‘Portugal Sou Eu’, Portugal é
o senhor seguramente. O que é que pretendem com isto?” – que declarou pretenderem
“unir os portugueses à volta deste conceito fundamental que é a importância de
comprarmos produtos com alta taxa de incorporação nacional, produtos que criem
valor em valor no sentido de ajudarmos o País a sair desta crise” e que “isto é
um programa dos portugueses, não é um programa do Governo, o Governo estimula e
lança mas aquilo que queremos é que o ‘Portugal Sou Eu’ seja uma visão dos
portugueses para um desígnio nacional e que complementa um desígnio que é o
desígnio das exportações.” Ou seja, e como o seu próprio título governativo
indicia, uma iniciativa verdadeiramente empreendedora, competitiva e inovadora!
E para que se não diga que aquela
conversa não passa de conversa, também há alguma ciência numérica à mistura.
Dois meros exemplos: um
impacto de 700 milhões de euros na balança comercial (se uma família portuguesa passar a comprar 5
euros de produtos “Portugal Sou Eu” num cabaz de compras de 100 euros de produtos
importados) e o desafio de Portugal passar o peso das suas exportações no PIB
dos atuais 35,5% para 50% até 2020.
Não obstante, a relevância concedida a este
tópico pressupõe um esforço sério de abstração em relação aos milhões (primeiro
de contos e depois de euros) que os sucessivos quadros comunitários já
consagraram, através de diversas instituições públicas e associações
empresariais, a tão inédito escopo! Um caso muito visível, sobretudo pela sua continuidade
temporal, é o da Associação
Empresarial de Portugal (AEP) que – só no âmbito do projeto “Compro o que é nosso”
– terá aplicado mais de 3,5 milhões de euros na promoção do consumo de produtos
portugueses (2006 a 2009) e adicionais 1,8 milhões de euros na captação e fidelização de aderentes e
na educação dos segmentos de consumidores mais jovens.
E assim se vai fazendo este Portugal de
mentes tão brilhantes quanto desaproveitadas. Quando não se tem vergonha de
exibir a ignorância e não há limites para proclamar o ridículo, só pode sobrar uma
cândida e mimosa impunidade…
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