terça-feira, 11 de dezembro de 2012

MÓNICA E UM DESEJO


A transmissão de pensamento ocorreu já vezes demais entre mim e o António Figueiredo para que possa levá-la à conta de mera coincidência. A última de que me apercebi terá ocorrido na passada sexta-feira quando ambos lemos no “Público” o artigo de Maria Filomena Mónica (MFM) a respeito de Boaventura Sousa Santos (BSS), “O evangelizador de Coimbra”.
 
Cheguei a escrever alguns parágrafos de comentário sobre o dito, mas acabei por adiar alguns retoques finais e assim fui temporalmente ultrapassado pelo meu parceiro de blogue. Ainda bem, porque todos ficamos a ganhar com o “Oxalá haja polémica…” com que no sábado nos brindou a propósito. Subscrevendo o essencial da opinião e das impressões mais subjetivas expendidas nesse post, apenas volto ao assunto para duas curtas achegas pessoais a respeito dos protagonistas e suas posições. Não sem manifestar o devido respeito pela qualidade de componentes diversas do imenso trabalho intelectual que têm a seu crédito.
 
Passo a sintetizar, sem mais delongas, o meu ponto de vista essencial de que estamos perante dois tipos de abordagem que, apesar de aparentemente opostos, se revelam largamente convergentes a nível dos danos que provocam nas nossas já tão empobrecidas ciências sociais. Uma porque, incandescida por um individualismo mais egocêntrico do que metodológico e por um reverencial provincianismo anglo-saxónico, nos fala de “busca” e de “paixão” pela “verdade” e pelo “saber” para sustentar uma simplória rejeição de quaisquer categorias analíticas passíveis de manipulação. O outro porque, centrado numa vaidosa construção heterodoxa – tão cuidadosamente urdida quanto forçadamente artificial – e alimentado por uma eficaz rede de seguidores a mando, nos fala de “debates epistemológicos contemporâneos” para produzir retóricas populistas e desenvolver vulgatas inconsequentes.
 
Toda a polémica será naturalmente benvinda, embora as expectativas não sejam as mais altas – é que também este é um domínio em que não vivemos dias felizes…

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