quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

BUENOS AIRES, 1983



O prometido é devido. Aqui estão imagens que, modestamente, poderão ser importantes no futuro para assinalar a presença e influência do pensamento do recém-desaparecido Albert Otto Hirschman em Portugal, anteriormente ao seu Honoris Causa na Faculdade de Economia do Porto.
Em 1983, eu próprio e o meu amigo Carlos Costa, hoje Governador do Banco de Portugal, navegávamos nas águas da teoria do (sub) desenvolvimento e enviávamos os dois volumes publicados da nossa antologia Do Subdesenvolvimento – Vulgatas, Ruptura e Reconsiderações em torno de um conceito, organizada em modelo de antologia e roteiro crítico a Albert O. Hirschman. Mais do que uma prova de delicadeza, era uma oportunidade para manifestar ao autor o nosso reconhecimento pela influência marcante que a sua obra tinha exercido sobre a nossa periodização da teoria do (sub) desenvolvimento. Hoje, esgotados na editora Afrontamento, os volumes Vulgatas e Rupturas estão publicadas (por iniciativa do Professor Carlos Pimenta) como e-book no Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto.
Em 25 de Março de 1983, a então secretária de Hirschman no já famoso Institute for Advanced Study da Universidade de Princeton, Cynthia Mason-Matcho respondia-nos amavelmente, acusando a receção da obra e comunicando que o autor se encontrava em viagem pela Argentina.
Surpresos, em Abril de 1983 recebíamos, emitida de Buenos Aires, uma carta assinada pelo punho de Hirschman em que simpaticamente expressava o seu contentamento pelo facto da sua obra ter sido inspiradora de uma dada leitura do estado da arte e da evolução da teoria do (sub) desenvolvimento.
Um simples ato de cortesia mas ilustrativo da sua simplicidade e ética intelectual. Um documento de curiosidade histórica que vale o que vale e que tem para mim e creio que também para o Carlos Costa uma dimensão afetiva muito forte.

1 comentário: