quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

LONGA VIDA PARA AS IDEIAS DE HIRSCHMAN



O Rui Tavares antecipou-se, mas foi também uma oportunidade para dar conta que, paradoxalmente, na morte de Albert Otto Hirschman, há mais fervorosos seguidores da obra e do pensamento de um dos inspiradores deste blogue.
Uma longa vida, 97 anos, desde a saída da Alemanha nazi até à aplicação da sua heterodoxia de pensamento, sobretudo na América Latina, Colômbia em particular. Hirschman foi um dos primeiros a compreender o não determinismo dos processos de desenvolvimento e a identificar as hoje famosas “sequencias al revés” que poderemos traduzir por “sequências não canónicas”. A partir dessa intuição e da prática de humildade intelectual de largar todos os preconceitos teóricos e conceptuais que transportava na sua bagagem para compreender aquelas sociedades no momento histórico em que buscavam a sua superação, plasmada no eterno “The Strategy of Economic Development”, a obra de Hirschman é um monumento de permanente busca de uma economia capaz de dialogar frutuosamente com as ciências sociais.
A descoberta de Rui Tavares aconteceu a partir do Passions and Interests. A minha processou-se através do Strategy of Economic Development, do Exit, Voice and Loyalty no âmbito do qual muitos dos avanços e recuos da participação pública na sociedade e nas organizações pode ser compreendida e de uma incontornável análise do comércio externo nazi como instrumento de poder e dominação à escala mundial (já aqui tratada neste blogue).
Há várias obras que me têm permitido manter uma relação de autoestima com a profissão e com a ciência económica. A obra de Hirschman é uma delas. Estou certo que a uma longa vida de 97 anos vai suceder-se uma mais que longa vida do seu pensamento e das suas ideias. O que também será um forte e retribuidor estímulo para que este blogue, haja forças para isso, tenha também uma longa vida.
Vou digitalizar uma carta que tenho em meu poder com o punho de Albert Otto Hirschman em que ele agradece o envio da antologia de subdesenvolvimento de que sou autor em colaboração com o meu amigo Carlos S. Costa, agora em funções no Banco de Portugal.
Sempre é uma forma de homenagear uma personalidade tão forte, por nós trazida para o pensamento português bem antes do Honoris Causa da Faculdade de Economia de Coimbra em Abril de 1993.

Sem comentários:

Enviar um comentário