Enquanto Passos, sorridente e petulante,
insiste em loas e hosanas a si próprio, o primeiro-ministro irlandês Enda Kenny
procura fazer o máximo para aliviar os escolhos com que se depara o seu povo,
após seis orçamentos contracionistas consecutivos e medidas (corte na despesa e
aumento de impostos) avaliadas em 28,5 mil milhões de euros.
Com a agravante de que a economia
irlandesa é, ainda assim, a que melhor comportamento revela de entre todos os
países sob resgate (ver quadro-síntese do “Financial Times”, abaixo): a balança
de transações correntes já é positiva desde 2010, a taxa de juro da dívida
pública já cai desde meados de 2011 e até o pífio crescimento supera largamente
o dos restantes.
A dias de assumir a presidência da União Europeia, Kenny garante que não cessará por isso de reivindicar em prol da reposição de uma situação de justiça para a sua Irlanda. Porque o país terá sofrido, a seu ver, “um fardo ímpar relativamente a qualquer outro país europeu” ao ter sido “o único país que teve uma política [não permissiva da falência de bancos] simultaneamente imposta por Bruxelas e por Frankfurt”. E porque –pasme-se, quem diria! – “uma quebra da dívida bancária torna tão mais fácil ao país emergir do programa” e “representa uma win-win situation para a Europa e para a Irlanda”. Quando se refizer do esforço feito para realizar a sua fantasiosa mensagem natalícia, Passos voltará à liça para nos dizer que a razão está consigo e o irlandês simplesmente se passou…
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