sábado, 1 de dezembro de 2012

UM ARTISTA PORTUGUÊS



No EXPRESSO ECONOMIA de hoje encontramos mais uma ilustração das razões mais profundas que conduziram a economia portuguesa e o seu sistema bancário ao nó cego que as causas externas ajudaram simplesmente a manifestar-se.
Segundo o jornal, o empresário do setor imobiliário-turístico Carlos Saraiva deve 1.116 milhões de euros ao mercado, dos quais 967 milhões têm a banca por credor, estando em curso um complexo processo de saneamento financeiro. Ambição não faltava a este artista português. Ainda segundo o jornal, o projeto CS ambicionava chegar a 2013 com 20 hotéis (20.000 camas), na sequência de um investimento total de 2.000 milhões de euros.
Entrevistado pelo Expresso, o presidente da Associação dos Hotéis do Algarve lança esta preciosidade: “Não vejo isto como sendo culpa do Carlos Saraiva. Foram os bancos que fizeram o Carlos Saraiva, criaram um deus com pés de barro e de repente tiraram o tapete (…) mas o mais estranho disto tudo é como se consegue ir buscar tantos milhões à banca sem dar garantias”.
Pois! E depois a vulgata diz que tudo isto resultou dos portugueses viverem acima das suas possibilidades. O modelo de crescimento em esgotamento que a recessão internacional, a crise das dívidas soberanas e a miopia macroeconómica reinante por cá e na União Europeia se encarregaram de estilhaçar de vez só poderia ter-se reproduzido com alavancas poderosas e o financiamento bancário foi inequivocamente um deles. Para que se saiba.

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