No EXPRESSO ECONOMIA
de hoje encontramos mais uma ilustração das razões mais profundas que
conduziram a economia portuguesa e o seu sistema bancário ao nó cego que as
causas externas ajudaram simplesmente a manifestar-se.
Segundo o jornal, o
empresário do setor imobiliário-turístico Carlos Saraiva deve 1.116 milhões de
euros ao mercado, dos quais 967 milhões têm a banca por credor, estando em
curso um complexo processo de saneamento financeiro. Ambição não faltava a este
artista português. Ainda segundo o jornal, o projeto CS ambicionava chegar a
2013 com 20 hotéis (20.000 camas), na sequência de um investimento total de
2.000 milhões de euros.
Entrevistado pelo
Expresso, o presidente da Associação dos Hotéis do Algarve lança esta
preciosidade: “Não vejo isto como sendo culpa do Carlos Saraiva. Foram os
bancos que fizeram o Carlos Saraiva, criaram um deus com pés de barro e de
repente tiraram o tapete (…) mas o mais estranho disto tudo é como se consegue
ir buscar tantos milhões à banca sem dar garantias”.
Pois! E depois a
vulgata diz que tudo isto resultou dos portugueses viverem acima das suas
possibilidades. O modelo de crescimento em esgotamento que a recessão
internacional, a crise das dívidas soberanas e a miopia macroeconómica reinante
por cá e na União Europeia se encarregaram de estilhaçar de vez só poderia
ter-se reproduzido com alavancas poderosas e o financiamento bancário foi
inequivocamente um deles. Para que se saiba.
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