sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

GOVERNO MARAVILHA OU FIM ADIADO?



Ainda haverá quem retenha na memória a referência a um valor de 7% para a taxa de juro da dívida pública como um número mágico forçosamente desencadeador do resgate do País. Ora, muitos meses depois, voltamos ontem a alcançar um nível abaixo desse limiar, dado que representa obviamente uma boa notícia ao contribuir para a diminuição dos pagamentos a que estamos obrigados junto dos nossos credores.
 
Mas tal facto é uma coisa e outra, bem diferente, é atribui-lo sem mais ao Governo e à excelência da sua política económica. A honestidade intelectual exigiria outro rigor. Vejamos:

(i) como explicita o “Jornal de Negócios” ao dar aquela mesma informação, a quebra verificada provém maioritariamente das reações dos mercados ao discurso de Mario Draghi de 26 de julho;

(ii) como explicitam em simultâneo vários jornais europeus (acima o diário económico milanês “Il Sole 24 Ore”), as taxas de juro italianas acabam de atingir um mínimo de dois anos e o euro está em valorização face ao dólar;

(iii) como explicitam os gráficos de abertura deste post (clicar sobre a imagem para melhor visualização), o comportamento do indicador em causa ao longo de 2012 é da mesma natureza em toda a periferia europeia exceto Espanha (insisto em designá-la como o caso mais bicudo da crise europeia) e as variações registadas apresentam uma ordenação previsível (quebra das taxas gregas em dois terços, das portuguesas em menos de 50% e das italianas em um terço).
 
Quer isto validar, portanto, a pertinência da engenhosa síntese com que nos brinda o cartoon de Peter Schrank (http://www.economist.com), aliás também claramente oportuno em dia de anunciado fim do mundo: embora o fogo esteja fortemente aceso, 2013 já está aí ao virar da esquina e o euro ainda subsiste. Mas só isso e nada mais do que isso…

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