domingo, 23 de dezembro de 2012

PRESIDENTE MOREIRA

 
Sucedem-se as especulações noticiosas sobre uma eventual candidatura de Rui Moreira (RM) à Câmara Municipal do Porto. Convenhamos que estamos perante um cidadão com dons muito próprios, embora escassamente compatíveis com a genética da Cidade que tanto anseia servir. Refiro-me a alguns dos traços de personalidade que tem revelado publicamente e que, sendo caraterizáveis pelos mais benevolentes como marcas de um verdadeiro sobrevivente a quaisquer intempéries, poderão também ser qualificados por gente menos crente como típicos da rara espécie dos “sempre em pé”.
 
Foi vê-lo por aí nestes anos. Em que disse quase tudo e o seu contrário sobre quase todos os que foram pontuando o domínio público, poderosos ou a tal aspirantes. E, muito especialmente, em relação às duas figuras públicas que mais tempo “reinaram” durante o seu calculado percurso ascensional, o então todo-poderoso e hoje malfadado Sócrates e esse Rio que aparentava não ter grande caudal, sobre quem não parecia arriscado dizer o que Maomé não disse do toucinho – ainda guardo alguns recortes impublicáveis de artigos assinados pelo autor no “Público”! – e que acabou por se tornar o seu melhor “marketeer” da atualidade.
 
Entre um louvável desempenho na Associação Comercial do Porto e uma inusitada presença nas colunas sociais e nas revistas côr-de-rosa, RM nunca descurou o seu processo de ajustamento às diferentes conjunturas que se lhe iam deparando e lá fez o seu caminho. Pronunciou-se à esquerda e à direita sobre futebol mas também pretendeu “jogar” no F. C. Porto, dedicou-se ao comentário político mas também escreveu livros com caráter, especializou-se na abrangência mas também em transportes de todo terreno, rejeitou ser governante mas também aceitou fazer uma perninha na SRU. Uma dominante: entradas de leão e saídas de sendeiro!

 
O homem já proporcionou o anúncio do fim da coligação autárquica e outras zangas locais, bem como algumas capas bombásticas de jornais ditos “da província” (vejam-se, acima, as acusações a Portas por parte do líder do PSD-Porto). O homem até parece inspirador do lamentável taticismo do candidato do PS, esse inesperadamente inocente Manuel Pizarro que veio recuperar a qualidade da gestão de Rio contra o despesismo do autarca de Gaia e que reza baixinho pela chegada de RM – que, obviamente, nunca ocorrerá nos termos que lhe convêm…
 
Mas a coisa adquiriu uma dimensão nacional durante este fim de semana. A crer no “Expresso” (ver abaixo), parece que alguns “barões do Porto” estariam a promover encontros no sentido de patrocinarem uma candidatura independente (ou do CDS local?) do homem à liderança da Cidade. O devedor e bom pagador de promessas Miguel Veiga – do alto da sua decrépita irrelevância e da sua veneração a Rio – estaria decerto disponível para uma generosa participação nesse papel, Bessa talvez embarcasse, mas muito me espantaria que Santos Silva e Valente de Oliveira alguma vez ousassem atravessar-se. Fica-me a insatisfeita curiosidade de saber quem foi que falou com Valdemar Cruz sobre o assunto…
 
 
Mas querem mesmo saber como tanta movimentação vai acabar? Pois entre promessas incumpridas e prováveis traições, RM chegará provavelmente a presidente. Cederá com a maior naturalidade à realidade dos factos e ver-se-á empurrado a acompanhar a lista vencedora (Luís Filipe Menezes), assim recebendo em troca a consagração de próximo presidente da Assembleia Municipal do Porto…

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