Sucedem-se as especulações noticiosas sobre
uma eventual candidatura de Rui Moreira (RM) à Câmara Municipal do Porto.
Convenhamos que estamos perante um cidadão com dons muito próprios, embora escassamente
compatíveis com a genética da Cidade que tanto anseia servir. Refiro-me a alguns
dos traços de personalidade que tem revelado publicamente e que, sendo
caraterizáveis pelos mais benevolentes como marcas de um verdadeiro
sobrevivente a quaisquer intempéries, poderão também ser qualificados por gente
menos crente como típicos da rara espécie dos “sempre em pé”.
Foi vê-lo por aí nestes anos. Em que
disse quase tudo e o seu contrário sobre quase todos os que foram pontuando o
domínio público, poderosos ou a tal aspirantes. E, muito especialmente, em
relação às duas figuras públicas que mais tempo “reinaram” durante o seu calculado
percurso ascensional, o então todo-poderoso e hoje malfadado Sócrates e esse
Rio que aparentava não ter grande caudal, sobre quem não parecia arriscado
dizer o que Maomé não disse do toucinho – ainda guardo alguns recortes
impublicáveis de artigos assinados pelo autor no “Público”! – e que acabou por se
tornar o seu melhor “marketeer” da atualidade.
Entre um louvável desempenho na
Associação Comercial do Porto e uma inusitada presença nas colunas sociais e
nas revistas côr-de-rosa, RM nunca descurou o seu processo de ajustamento às
diferentes conjunturas que se lhe iam deparando e lá fez o seu caminho. Pronunciou-se
à esquerda e à direita sobre futebol mas também pretendeu “jogar” no F. C.
Porto, dedicou-se ao comentário político mas também escreveu livros com
caráter, especializou-se na abrangência mas também em transportes de todo terreno, rejeitou ser governante mas também aceitou fazer uma perninha na SRU. Uma
dominante: entradas de leão e saídas de sendeiro!
O homem já proporcionou o anúncio do fim
da coligação autárquica e outras zangas locais, bem como algumas capas
bombásticas de jornais ditos “da província” (vejam-se, acima, as acusações a Portas
por parte do líder do PSD-Porto). O homem até parece inspirador do lamentável
taticismo do candidato do PS, esse inesperadamente inocente Manuel Pizarro que
veio recuperar a qualidade da gestão de Rio contra o despesismo do autarca de
Gaia e que reza baixinho pela chegada de RM – que, obviamente, nunca ocorrerá
nos termos que lhe convêm…
Mas a coisa adquiriu uma dimensão
nacional durante este fim de semana. A crer no “Expresso” (ver abaixo), parece
que alguns “barões do Porto” estariam a promover encontros no sentido de patrocinarem
uma candidatura independente (ou do CDS local?) do homem à liderança da Cidade.
O devedor e bom pagador de promessas Miguel Veiga – do alto da sua decrépita
irrelevância e da sua veneração a Rio – estaria decerto disponível para uma
generosa participação nesse papel, Bessa talvez embarcasse, mas muito me
espantaria que Santos Silva e Valente de Oliveira alguma vez ousassem
atravessar-se. Fica-me a insatisfeita curiosidade de saber quem foi que falou
com Valdemar Cruz sobre o assunto…
Mas querem mesmo saber como tanta
movimentação vai acabar? Pois entre promessas incumpridas e prováveis traições,
RM chegará provavelmente a presidente. Cederá com a maior naturalidade à
realidade dos factos e ver-se-á empurrado a acompanhar a lista vencedora (Luís
Filipe Menezes), assim recebendo em troca a consagração de próximo presidente da Assembleia Municipal
do Porto…
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