domingo, 9 de dezembro de 2012

PERPLESSITÀ


As notícias que nos chegam de Itália são estranhas e preocupantes mas não representam exatamente aquilo que à primeira vista parece e que a maioria dos meios de comunicação prefere explorar. De facto, e como bem ilustrou Emilio Giannelli no “Corriere della Sera”, a golpada de “Il Cavalieri” fez regressar a crise política mas não irá trazer o regresso do respetivo autor ao poder.


Não obstante, a dita golpada marca também um momento culminante de vingança da política pura e dura (Berlusconi) contra a tecnocracia (Monti) que a secundarizou largamente durante um ano. Assim a modos que um “acabou o recreio, voltemos ao que importa”. O que Emilio Giannelli traduziu de forma igualmente eloquente.

 
Há muito quem tenha considerado que Monti foi, em conjunto com o outro Mario (Draghi), um agente central de viragem na Zona Euro da segunda metade de 2012. Ao invés, há quem tenha sobretudo visto em Monti um agente objetivo do interesse político de Merkel: protelar sem grande afrontamento. Ambas as perspetivas, só aparentemente contraditórias, têm a sua razão de ser. Em contraponto, uma outra coisa é clara: no plano interno, Monti ajudou a anestesiar os problemas mas pouco resolveu de essencial (austeridade, tributação, dívida pública, reformas).
 
Neste quadro, qual é, então, o meu ponto? Em síntese, o de que a Itália se prepara para voltar à ribalta da crise europeia (ver a imagem de abertura deste post, extraída de uma capa de há meses no agora defunto “Financial Times Deutschland”). Por um lado, porque as eleições anunciadas não permitem antecipar soluções renovadas (nem em termos de uma maioria estável nem em termos de uma liderança eficaz) e, por outro lado, porque tenderá a prevalecer a enorme e crescente debilidade da situação económica e social. Assim sendo, tudo se conjuga para que 2013 venha a ser um ano muito difícil para os lados de Roma…

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