quinta-feira, 13 de junho de 2013

BLANCHARD EXPLICA-SE EM CASA


O economista chefe do Fundo Monetário Internacional passou pela pátria e de Toulouse foi entrevistado pela excelente Alexandra Bensaid para o “On n'arrête pas l'éco” de sábado na “France Inter”. E disse, a pretexto do recente mea culpa do FMI sobre a Grécia, algumas verdades curiosas e úteis para a elucidação do caráter pouco recomendável da gente que nos dirige.

Reiterando que a coisa “não foi o ideal”, admitindo que “relativamente a cenários que poderíamos ter acordado sobre a diminuição da dívida à partida, o ajustamento da Grécia teria sido mais fácil”, reconhecendo que “provavelmente perdemos tempo”, indicando que “quando um país tem um peso da dívida que é insuportável, é preciso aceitar a realidade”, confessando que “estamos ainda a tentar explorar como se organiza um programa no contexto de uma união monetária” e concluindo que “se nos voltarmos a encontrar implicados em novos programas, será necessário que as regras sejam mais claras e que as coisas se desenrolem melhor”.


Assim se explicou Olivier: “Tínhamos um plano de dívida que nos parecia dificilmente solúvel. Dissemo-nos que a solução que adotaríamos num outro país, mais longínquo, menos importante, que seria reestruturar a dívida com vista a diminuir-lhe o peso não seria provavelmente possível no contexto europeu da época. (…) Psicologicamente, os europeus não estavam de todo prontos a considerar uma reestruturação da dívida – o senhor Trichet, em particular, tinha indicado que isso não era pensável – e, por outro lado, tecnicamente, é um problema de uma grande, grande complexidade. E pensamos que se impuséssemos uma reestruturação da dívida nesse momento haveria efeitos de contágio que seriam potencialmente catastróficos, não somente para a Grécia mas para o resto da Europa. E, portanto, fizemos o que nos parecia à época necessário, sabendo que havia uma muito grande hipótese de, a prazo, seríamos obrigados a renegociar a dívida. O que se passou um ano depois. Portanto, claro que retrospetivamente teria sido preciso estar pronto para renegociar a dívida à partida, estar pronto a dar um pouco mais de ar à Grécia de maneira a que pudesse sair-se mais facilmente, mas no contexto as condições não estavam criadas.”

Uma narrativa lamentável e irresponsavelmente protagonizada por políticos e tecnocratas nada confiáveis…

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