terça-feira, 4 de junho de 2013

PARABÉNS AO JN


O convite chegou-me, amavelmente, através de um telefonema do Manuel Tavares. Um diretor de jornal que muito aprecio pelo seu empenhamento cívico, pela sua dedicação, pelo seu profissionalismo e pelo seu sentido de liderança. A causa era inquestionável e absolutamente meritória: participar, marcando presença, na celebração dos 125 anos de uma instituição nacional da grandeza do “Jornal de Notícias”. O programa da “Grande Conferência” apresentava uma estrutura desafiante ao propor-se começar por abordar, em três painéis, questões de manifesto interesse regional (O Norte e a reforma administrativa, A Região Norte e a Europa, Porto: marcas e internacionalização) e finalizar com três intervenções subordinadas ao sugestivo tema “Portugal positivo: os grandes desafios do futuro”.

E tudo esteve perfeito, da logística à organização, do almoço à “lembrança de Pina”, de alguns reencontros à variedade dos convívios e conversas. Mas tenho honestamente de confessar um balanço de grande insatisfação com os conteúdos. Entre a dominância do “politicamente correto” e o desconforto dos correlativos déja vu, entre uma insistência em lugares comuns e algumas afirmações grosseiramente incorretas, entre manifestações de narcisismo e voluntarismo balofo e uma total ausência de ideias, o certo é que o conjunto da sessão resultou muito pobre em qualidade.

De facto, pensava eu a caminho de casa, há demasiado tempo que somos os mesmos em falas de círculo mais ou menos fechado. O que vale por dizer que a maioria dos que integram a derrotada geração a que pertenço (com um desvio-padrão de mais ou menos 10-15 anos e uma óbvia extensão a alguns “novos velhos” educados na mesma filiação essencial) não quer “deslargar” (como se diz cá na terra) e assim resiste a uma saída de cena que se deveria ir naturalmente impondo. Porque a generalidade destes protagonistas não mais consegue disfarçar quanto os seus limites foram atingidos ou quanto se esgotou o “modelo” de que foram portadores; e porque, portanto, isto já só vai lá com verdadeira renovação, com outros contributos de outras gentes e, sobretudo, com a dominância de outras mentalidades…

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