quinta-feira, 27 de junho de 2013

“WHATEVER” OU NEM TANTO?



 
Foi apresentado na semana passada o relatório anual do BIS (Banco de Pagamentos Internacionais), organismo de coordenação internacional dos bancos centrais. A sessão ficou marcada pelo seguinte alerta de Stephen Cecchetti: “Está a ficar cada vez mais claro que os bancos centrais não podem fazer ‘tudo o que for preciso’ para devolver as ainda débeis economias a um crescimento forte e sustentável”.

O relatório sublinha o papel estabilizador essencial desempenhado pelos bancos centrais desde o advento da atual crise internacional, mas não ilude as possíveis consequências de um crescimento maciço dos respetivos balanços – desde meados de 2007, os ativos totais dos bancos centrais à escala mundial quase duplicaram para atingirem um valor próximo de 20 biliões de dólares (i.e., um pouco mais de 30% do PIB mundial) – e de uma significativa extensão das suas maturidades no caso das economias ditas mais avançadas (gráfico no final deste post).

Uma situação que poderá revelar-se especialmente gravosa no tocante aos quatro maiores bancos centrais (BoE, BoJ, FED e BCE), os três primeiros prosseguindo programas importantes de estimulação monetária e o BCE de Draghi com envolvimento em operações de refinanciamento (LTROs) e compra de ativos obrigacionistas menos líquidos. Até por improcedência já que, verificando-se que “as raízes do problema de crescimento não são monetárias” e que “a política monetária não cumpriu as expectativas” em termos de crédito às empresas, “as decisões de política monetária resultam mais acertadas quando se ignoram aspetos de conveniência política de curto prazo” e se valoriza a sua “autonomia operativa”, ou melhor, que “a recuperação exige agora uma combinação de políticas diferentes”.

Acresce ainda que o estremeção das bolsas e o aumento dos yields de dívida, na sequência do recente anúncio de Ben Bernanke de uma moderação e posterior termo do programa da FED de compra de ativos, aí esteve para demonstrar a grande sensibilidade de agentes e mercados a quaisquer indícios do óbvio: que “a artilharia dos bancos centrais tem data de caducidade”…

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